De pernas para o ar
“Entre as recomendações para evitar os típicos desconfortos está a prática de atividades regulares, como a caminhada e a natação, para fortalecer a panturrilha. Essa parte do corpo massageia as veias para facilitar o retorno do sangue para o coração, o que é fundamental para a saúde circulatória, funcionando como um coração periférico”, explica o presidente da regional fluminense da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia e Vascular (SBACV-RJ), Rossi Murilo.
Uma outra forma de melhorar a circulação é usar uma meia-calça elástica. De acordo com os especialistas, ela auxilia na pressão natural do organismo e é fundamental para aqueles que não podem realizar atividades físicas. “Como o Brasil é um país quente, ela pode gerar um desconforto, porém a melhora quanto à sensação de peso supera isso”, avalia o angiologista e cirurgião vascular Rossi Murilo. No caso de pernas inchadas, a pessoa precisa elevá-las durante a noite. “Uma boa estratégia é colocar um calço de 10 cm sob os pés da cama. É melhor do que colocar uma almofada, que pode sobrecarregar o joelho”, diz o especialista. É importante também evitar a pressão intra-abdominal, que pode ser causada pelo uso de calças e cintos apertados e também por prisão de ventre. Por isso, os especialistas recomendam uma dieta rica em fibras e líquidos, evitando o excesso de sal, condimentos e gorduras.
Trata-se de um problema que acomete mais as mulheres: uma em cada cinco e um em cada quinze homens. Elas são as principais vítimas por causa dos hormônios femininos, principalmente o estrogênio. Na maioria dos casos, a dilatação das veias é uma alteração hereditária e se deve a uma insuficiência valvular. Para essas pessoas, alguns fatores podem ser desencadeantes, tais como: ficar de pé ou sentado por períodos prolongados, obesidade, pés planos e gravidez. “Já o uso de salto alto e da depilação com cera quente, por exemplo, é um mito. Não há ação comprovada”, explica Rossi Murilo. “Mas um fato que merece atenção é o número crescente de jovens com variz, que se deve ao uso cada vez mais cedo de anticoncepcionais. Àqueles à base do hormônio estrogênio devem ser evitados”, orienta o especialista.
Elas podem ser divididas em três grupos principais: as microvarizes, as varizes de médio calibre e as de grosso calibre. Apesar dos avanços tecnológicos, o tratamento deve ser individualizado e feito sempre pelo angiologista – médico especialista em doenças vasculares. E dependo do caso, as novidades não substituem o tratamento clássico, com escleroterapia ou cirurgia. Lembrando que não se pode falar ainda em cura para as varizes, mas apenas em controle.
É importante que as varizes sejam tratadas o quanto antes. Entre as principais complicações estão: o inchaço nas pernas, o posterior escurecimento na região do tornozelo, o eczema e finalmente o aparecimento da úlcera.
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Cirurgia – Cada vez menos agressivas, elas são realizadas através de mini-incisões e o tempo de internação hospitalar raramente precisa passar de 24 horas. As varizes retiradas na cirurgia não provocam danos à circulação, uma vez que as veias normais e o sistema venoso profundo se encarregam de garantir o fluxo de retorno.
Escleroterapia química – conhecida como “aplicação”, é a técnica usada há mais tempo. São indicadas para as microvarizes e para as varizes de calibre muito pequeno. As microagulhas injetam no vasinho o líquido concentrado chamado de esclerosante. A glicose é um dos tipos usados, por não causar alergia e ser tolerável. O sangue é expulso para as veias normais e o esclerosante entope as veias que estão sendo tratadas. Nesse método, as paredes dos vasos são ressecadas e destruídas.
Crioescleroterapia – Utiliza os mesmos produtos da escleroterapia normal, sendo que o equipamento diminui a temperatura do produto injetado para 40 graus abaixo de zero. O esclerosante, além do efeito normal, destrói pelo frio a parede interna do vasinho, eliminando-o.
Endolaser – trata-se de um método indicado para varizes de médio e grosso calibres, inclusive safenas. Uma fibra ótica é introduzida na veia e à medida que ela a percorre, a luz do laser é liberada pela ponta do aparelho. As paredes dessa veia perdem sua função e ela é reabsorvida pelo organismo, que desvia o sangue circulante para aquelas que estiverem saudáveis. A técnica é minimamente invasiva, sem cicatrizes, quase sem sangramentos e não há risco de lesão do nervo safeno e dos vasos linfáticos. É também conhecido pela sigla EVLT, em inglês: endovenous laser therapy.
Laser escleroterapia – a escleroterapia com laser está em evolução, mas ainda não substitui a escleroterapia química. Além de não poder ser aplicada em todos os tipos de pele, ainda não proporciona um bom resultado nos vasos de calibre maior. No Brasil, alguns especialistas fazem o tratamento misto: laser e injeções.
Espuma esclerosante – O líquido provoca uma forte irritação no endotélio da veia, determinando uma micro-trombose. A veia seca e desaparece.
Vale ressaltar que o método é muito recente e já apresenta algumas complicações, como a fibrose pulmonar, além do fato do líquido poder atingir o sistema venoso profundo. Por isso, a necessidade de ultra-som durante o procedimento. A espuma esclerosante deve ser uma opção apenas em casos de restrição à cirurgia.
Radiofreqüência – é a mesma técnica anterior para destruir veias maiores como a safena, sendo que usa o calor produzido por cateteres dotados de dispositivo de radiofreqüência. No Brasil, está sendo avaliado porque ele pode causar manchas e queimaduras.
Por Bianca Saraiva