Vida e Saúde

Estilo de vida saudável ajuda a prevenir o câncer de mama

A SBM está à frente da campanha que alerta a população sobre o papel dos bons hábitos para diminuir as chances de aparecimento da doença e melhorar a qualidade de vida das pacientes

O diagnóstico de câncer de mama é um daqueles momentos divisores de água na vida de quem o recebe. Apesar do susto inicial que a notícia traz à paciente, atualmente estão disponíveis muitas opções de tratamento promissoras para vencer essa batalha, principalmente quando a doença é detectada em seus primeiros estágios. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), paralelamente ao “Outubro Rosa”, lançou a campanha online “Quanto Antes Melhor”. A ideia é celebrar a vida e conscientizar a população sobre a importância da adoção de um estilo de vida saudável.

“Em um ano tão difícil como este, a SBM quer reforçar que há muita vida após o câncer de mama e que o cuidado com a saúde deve ser constante, principalmente neste momento em que o rastreamento e o tratamento foram prejudicados e, em alguns lugares, ainda estão sendo gradativamente retomados por conta da pandemia“, diz o presidente da entidade, Vilmar Marques.

Crédito foto: © Yuganov Constantin via Canva.com

Câncer de mama e hábitos saudáveis: “Quanto Antes Melhor”, afirma SBM

Conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é o de maior incidência em todas as regiões do país, ficando atrás apenas de tumores de pele não melanoma. Em 2020, estima-se o surgimento de 66.280 novos casos (ou 43,74 a cada 100 mulheres). Essa também a primeira causa de morte por câncer na população feminina brasileira.

Entre os fatores de risco para a doença há os chamados modificáveis e não modificáveis. Dentre os últimos estão:

Idade: os casos de câncer de mama aumentam após os 50 anos;

Raça e etnia: as taxas de incidência e mortalidade são maiores entre mulheres brancas e menores em mulheres hispânicas e de etnia asiática;

• Início da menstruação antes dos 12 anos, menopausa tardia, história familiar para câncer de ovário ou de mama, alta densidade mamária e mutações genéticas (BRCA1 e BRCA2).

Segundo Marques, diversos estudos revelam que, entre os fatores modificáveis, o sobrepeso e a obesidade, além da falta de atividades físicas no dia a dia, aumentam os riscos para câncer de mama e ainda proporcionam uma má qualidade de vida para quem está em tratamento. “Nosso alerta é para QUANTO ANTES mudar o estilo de vida MELHOR para a saúde e isso envolve exercícios, alimentação saudável e a consciência da saúde preventiva como um todo”, afirma.

A mastologista Tammy Boing reforça o alerta: “Muitos hábitos de vida modificáveis podem aumentar o risco de aparecimento do câncer de mama. O consumo regular de álcool, a obesidade, o sedentarismo e o uso prolongado de terapias de reposição hormonal – todos são considerados fatores de risco para a doença”.

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Diagnóstico precoce aumenta as taxas de cura

A realização de exames é uma ferramenta fundamental para não deixar a doença evoluir e aumentar as chances de cura. Quando o câncer de mama é detectado ainda em sua fase inicial a probabilidade cura chega a 95% e há a possibilidade de aplicação de terapias menos agressivas.

“Se conseguimos detectar o tumor ainda em fase inicial, em muitos casos, podemos fazer o tratamento sem a necessidade de retirar toda a mama. Quanto mais inicial a doença, menor a probabilidade de a quimioterapia ser necessária”, diz Tammy.

Em relação à pandemia de Covid-19, Marques destaca a preocupação da entidade com a interrupção do rastreamento, exames e tratamentos. A SBM recomenda que nas regiões onde o pico da doença tenha diminuído, os casos estejam estabilizados e com certa flexibilização, as mulheres retomem seus exames e tratamentos, desde que seguindo as medidas de segurança.

“A pandemia gera uma sensação de insegurança e muitas mulheres deixaram de ir ao consultório. Isso é natural, mas é preciso retomar o rastreamento o quanto antes para evitar casos avançados no futuro”, conclui o médico.

A mamografia é o exame mais indicado para detectar a doença precocemente, já que é capaz de identificar lesões que ainda não podem ser palpadas clinicamente (menores de 1cm). As pacientes que apresentam mamas densas, com grande proporção de tecido glandular, devem realizar também a ultrassonografia mamária em conjunto com a mamografia. Em alguns casos, a ressonância de mamas pode ser requisitada pelo especialista. Na presença de alguma alteração suspeita, deve ser realizada uma biópsia.

A SBM recomenda que a mamografia seja realizada anualmente a partir dos 40 anos. Se houver múltiplas incidências de câncer na família, dependendo da avaliação do especialista, a realização do exame pode ser indicada a partir dos 30 anos.

Crédito foto: © bruce mars via Canva.com

Sintomas para ficar atenta

Na maioria dos casos, o câncer de mama se manifesta com um caroço ou local endurecido, mas também pode se apresentar de outras formas:

• Vermelhidão e pele endurecida;
• Feridas que não cicatrizam e coceiras que não melhoram;
• Áreas estufadas (abaulamento) e covinha (retração);
• Saída de líquido do bico do peito (sem apertar) de cor vermelha ou transparente como a água.

Dados sobre o câncer de mama

• O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor;
• Há vários tipos de câncer de mama. Por isso, a doença pode evoluir de diferentes formas. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem mais lentamente. Esses comportamentos distintos se devem às características próprias de cada tumor;
• Quanto mais cedo identificados tumores menores e sem comprometimento da axila, maiores são as chances de cura;
• O rastreamento mamográfico possibilita identificar pequenos cânceres em mulheres assintomáticas;
• Os tumores detectados clinicamente são maiores (em média 2,6 cm) do que os achados no rastreamento mamográfico (em média, 1,5 cm), além de serem mais propensos a mostrar metástases axilares (entre 18% e 45% dos casos) do que os detectados no rastreamento (entre 18% e 25%);
• Cerca de 1% dos acometidos pela doença são homens.

Dicas para adotar hábitos mais saudáveis

Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física, é possível reduzir em até 28% o risco de se desenvolver a doença. Por isso:

• Alimente-se bem e não fique muito tempo sem comer, ou seja, prefira comer de três em três horas, em pequenas quantidades, sempre priorizando os alimentos naturais e evitando os alimentos industrializados;
• Evite o excesso de gorduras e carboidratos simples, como açúcar adicionado aos alimentos, doces sucos de caixinha ou saquinho, refrigerantes, pão branco, macarrão, sempre preferindo as opções integrais;
• Procure ingerir proteínas de boa qualidade, principalmente frutas, legumes e verduras, por serem fontes de vitaminas e minerais essenciais e ricas em fibras que ajudam na saciedade e no funcionamento adequado do intestino;
• Faça exercícios físicos durante a semana. O ideal são 150 minutos de exercícios físicos moderados divididos entre os cinco dias ou 75 minutos de exercícios vigorosos divididos pelos dias da semana;
• Planeje sua alimentação e tente seguir o plano.

Para mulheres na menopausa, é aconselhável fazer reposição hormonal apenas quando necessário, sob orientação médica.

Crédito foto: © RyanKing 999 via Canva.com

O papel da genética

Caso exista histórico familiar para câncer de mama ou ovário, pode e deve ser feita uma investigação para identificar a possível presença de predisposição genética hereditária e, com base na avaliação, tomar decisões sobre intervenções redutoras de risco.

“De todos os casos de câncer de mama, aproximadamente 5 a 10% são genéticos ou familiares. Ou seja, em torno de 90% dos casos de câncer de mama não são genéticos. Se, após avaliação médica, a paciente for identificada como tendo alto risco de ser portadora da mutação que predispõe ao aparecimento de câncer, pode ser sugerida a realização de teste genético. Esse teste pode ajudar a estabelecer medidas de prevenção e/ou rastreamento do aparecimento de câncer no futuro”, esclarece Tammy.

Reconstrução do seio após câncer de mama

A cirurgia de reconstrução das mamas possui características diferentes da versão estética. O cirurgião plástico Fernando Amato explica: “Os mamilos, por exemplo, muitas vezes, precisam ser refeitos. A mama reconstruída não terá a mesma aparência da mama saudável, já que pode ficar com cicatrizes e mais endurecida”, detalha o especialista.

Amato sempre orienta as pacientes a irem acompanhadas à consulta para conversar sobre a reconstrução mamária. Outra indicação passada pelo cirurgião plástico é a busca pelo auxílio psicológico para compreender o momento. “A notícia e o tratamento da doença, muitas vezes, deixam a pessoa com certos bloqueios de compreensão das técnicas que podem ser utilizadas na cirurgia.

O Sistema Único de Saúde (SUS) garante acesso à reconstrução de mama para as brasileiras, assim como os planos de saúde. O cirurgião enfatiza que a reconstrução, imediata ou tardia, deve ser individualizada, respeitando tanto o desejo da paciente, como as condições clínicas e tratamento que será submetida.

Não deixe o medo do diagnóstico te paralisar

As razões pelas quais as mulheres não procuram o acompanhamento médico adequado, não realizam os exames ou, quando os fazem, não vão buscá-los variam enormemente e vão da desinformação ao medo.

“Há muitos mitos sobre o assunto e as mulheres se impressionam, se amedrontam e acabam não se cuidando preventivamente. Mas asseguro que a prevenção é o melhor caminho. Não é preciso ter medo do diagnóstico e da dor durante a mamografia”, afirma Marques.

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