Entenda o que é e como evitar a irritação na pele ligada à alergia ao glúten
Diretamente relacionada à doença celíaca, a dermatite herpetiforme geralmente surge após o consumo de alimentos ricos em glúten, como pães e massas, por pessoas sensíveis à proteína do trigo
Por: Equipe Marcio Atalla
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 1% da população mundial tem a doença celíaca, uma reação imunológica do organismo à ingestão de glúten que provoca diarreia, inchaço, gases e fadiga.
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Celíacos também podem sofrer com dermatite herpetiforme, condição que, apesar de ainda não ter causa definida, está associada à sensibilidade do organismo ao glúten. “Atingindo cerca de 10% da população celíaca, principalmente crianças, adolescentes e adultos do sexo masculino, a dermatite herpetiforme caracteriza-se pelo surgimento de erupções, bolhas e vesículas, vermelhidão e coceira na pele dos cotovelos, joelhos, nádegas, couro cabeludo, rosto e a virilha”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Quase todos os pacientes com dermatite herpetiforme tem doença celíaca, mas na maioria dos casos, a doença celíaca é assintomática”.
O grande problema com a dermatite herpetiforme é o fato de a doença possuir grande diversidade de sintomas e surgir de forma gradual, fatores que dificultam o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento da condição, principalmente devido às causas da dermatite hepertiforme ainda estarem sobre estudo. “Hoje, sabe-se que fatores como genética e estilo de vida possuem papel fundamental no desenvolvimento da doença. Além disso, já é de conhecimento da comunidade médica que a condição está fortemente associada à sensibilidade dos pacientes ao glúten, proteína que está presente no trigo, cevada, aveia e também em seus derivados, como pão, macarrão, cereal e bolos”, destaca a médica. “Alguns estudos ainda apontam que o glúten presente em cosméticos também pode desencadear a doença. Porém, mais pesquisas nessa área ainda são necessárias para confirmar tal hipótese.” Dessa forma, a melhor maneira de se identificar a doença é através do diagnóstico médico, que é realizado por meio de biópsia da pele. O médico também pode solicitar uma biópsia intestinal e um exame de sangue para verificar a possibilidade de o paciente possuir doença celíaca.
A partir desses resultados, o médico poderá indicar o melhor tratamento para o seu caso, que, de acordo com a Dra. Paola, consiste principalmente na eliminação de alimentos que contenham glúten de sua dieta, incluindo farinha de trigo, centeio, biscoitos, salgadinhos e massas. “O médico, em conjunto ao nutricionista, poderá ajudar você a identificar e eliminar fontes de glúten presentes em sua atual dieta, recomendando alternativas para substituir esses alimentos. Além disso, o médico, em alguns casos, poderá recomendar medicamentos antibacterianos e antibióticos, como a dapsona e a sulfapiridina, para proporcionar alívio imediato dos sintomas”, afirma.
Com o tratamento adequado, a doença tende a ficar inativa por longos períodos de tempo. Porém, com a interrupção da medicação ou da dieta livre de glúten, a dermatite herpetiforme tende a reincidir, afinal, é uma condição crônica, ou seja, que não possui cura. “Essa recidiva é imprevisível, podendo ocorrer ou não logo após a suspensão do tratamento e da dieta restritiva. Dessa forma, se você sofre com o problema, o ideal é manter-se longe de alimentos ricos em glúten e consultar um dermatologista caso note sinais da doença surgindo novamente”, finaliza a Dra. Paola Pomerantzeff.
DRA. PAOLA POMERANTZEFF