Ciclo menstrual e exercícios: por que combinar?
Adaptar os exercícios físicos ao ciclo menstrual ajuda nos resultados
Por: Equipe Marcio Atalla
‘’Mulher é bicho esquisito…todo mês sangra’’. Já diziam os versos de Rita Lee e Roberto de Carvalho na superconhecida letra da canção ‘’Cor de Rosa Choque’’, um dos grandes sucessos da maior roqueira brasileira. È claro que o ‘’esquisito’’ da letra é apenas uma licença poética dos compositores, pois o ‘’todo mês sangra’’, ou seja, a menstruação, é algo muito sério para a mulher, trazendo alterações hormonais que ocorrem em cada uma das quatro fases do ciclo menstrual. E estas modificações no organismo feminino, podem até mesmo melhorar ou atrapalhar o desempenho durante os exercícios físicos, que devem ser adaptados para se ajustar às condições físicas e ao estado mental da mulher.
O ciclo menstrual é um processo que acontece todos os meses, quando o corpo da mulher passa por uma série de alterações causadas pela preparação para conceber e gerar uma nova vida e, como já foi dito, é dividido em 4 fases:
.A fase menstrual
.A fase pós-menstrual
.A fase ovulatória
.A fase lútea
Como explica a médica Eloisa Pinho, ginecologista e obstetra da Clínica GRU:
’’Cada fase do ciclo menstrual é marcada por diferentes flutuações nos níveis hormonais que podem gerar grande impacto na disposição física e mental da mulher. Logo, é comum que a mulher se sinta mais ou menos disposta para realizar certas atividades em períodos específicos do mês, principalmente quando se trata de exercícios físicos”.
Mas o que poucas mulheres sabem é que ajustar os exercícios físicos para cada fase do ciclo menstrual, é uma forma estratégica que não só pode tornar a prática da atividade física mais prazerosa, mas ainda contribui para potencializar e melhorar os resultados dos treinos.
Para ajudar as leitoras nessa programação, a dra. Eloisa explica o que acontece com o organismo da mulher durante todo o ciclo menstrual e elenca os melhores exercícios para serem realizados em cada fase.
A fase menstrual
Esse período começa no primeiro dia de sangramento e dura até que o fluxo termine por completo,o que leva cerca de 6 dias em média. A fase menstrual, também é conhecida como período folicular, e é aquele momento em que o útero vai eliminar o endométrio,o revestimento da parede uterina que é responsável pela implantação do embrião fecundado e que é expelido pelo organismo através da menstruação.
“Nessa fase, os níveis de progesterona e estrogênio são baixos e a mulher pode apresentar uma série de sintomas devido à eliminação do endométrio, como cansaço e cólicas, o que pode torná-la indisposta fisicamente. Por isso, o ideal é optar por treinos mais leves e diminuir consideravelmente a carga de exercícios, mas é importante não deixar de realizá-los, pois o hábito ajuda, inclusive, na diminuição do desconforto abdominal”, afirma a dra.Eloisa Pinho.
A fase pós-menstrual
Depois que cessa o sangramento, se inicia o período pós-menstrual e é quando a mulher tem a tendência a ganhar mais disposição para realizar suas atividades rotineiras e praticar exercícios físicos.
“Isso porque o período pós-menstrual, que tende a durar, em média, 6 dias, é caracterizado pelo aumento na produção de estrogênio e na liberação de noradrenalina, hormônios que melhoram a motivação e, consequentemente, o desempenho durante as atividades físicas”, diz a médica ginecologista.
A dra. Eloisa acrescenta que a mulher deve aproveitar essa fase para realizar exercícios com maior intensidade, como treinos de força e resistência aeróbica, incluindo aí a corrida e a musculação.
As fases ovulatória e lútea ((intertítulo))
O período da ovulação também é conhecido como período fértil, pois é quando os ovários liberam os óvulos para as trompas uterinas. É uma fase que em média dura 10 dias e é quando a mulher tem mais chances de engravidar.
“Como está se preparando para procriar, o organismo inverte a produção de hormônios, aumentando a liberação de progesterona e reduzindo os níveis de estrogênio. Como resultado, a mulher pode sofrer com uma queda na força e concentração, mas ainda se sente bem disposta e energética, apresentando até mesmo uma melhora na libido”, afirma a dra. Eloisa.
Mas e a prática de exercícios nessa fase? Como fica? Bom, mesmo com a mulher estando com uma resistência menor nesse período, é possível permanecer realizando atividades físicas, apenas ficando atenta para diminuir a carga e a intensidade do treinamento.
E o que dizer da fase lútea? Essa é literalmente uma dor de cabeça para as mulheres,pois é o período da tão conhecida e tão temida TPM, a tensão pré-menstrual, que tantos transtornos traz para grande parte da população feminina. A fase lútea marca o fim do ciclo menstrual,dura cerca de 6 dias e começa quando o organismo percebe que o óvulo não foi fecundado e então passa a recuperar toda a energia gasta durante o processo para depois recomeçar tudo novamente.
A médica Eloisa Pinho dá um conselho:
“Durante esse período ocorre uma redução significativa nos níveis de progesterona e a mulher pode sofrer com uma série de sintomas, incluindo irritabilidade, cansaço, dor nos seios, dor de cabeça, retenção de líquido, prisão de ventre e desânimo. Dessa forma, é comum que a mulher se sinta incrivelmente desmotivada para praticar exercícios. Mas, ainda assim, as atividades físicas não devem ser deixadas de lado, pois ajudam na recuperação do organismo. O ideal então é apostar na prática moderada de exercícios mais tranquilos, de preferência que ajudem no bem-estar físico e mental, como a yoga”.
A médica informa ainda que um ciclo menstrual dura em média 28 dias, mas esse período pode variar de mulher para mulher. E é bom lembrar que cada fase do ciclo menstrual pode afetar cada mulher de uma forma maneira diferente.
“Por isso, é importante que a mulher acompanhe seu ciclo menstrual e preste atenção aos sinais que o organismo oferece, respeitando as necessidades e limites do próprio corpo. Lembre-se também de consultar regularmente um ginecologista, já que, além de dar dicas para tornar todo o processo mais tranquilo, ele será capaz de identificar qualquer possível alteração no ciclo menstrual que possa estar afetando seu bem-estar e sua rotina”, conclui.
Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e da médica:
Dra. Eloisa Pinho/Ginecologista