Setembro Amarelo: saiba como prevenir ansiedade e a depressão e combater o perigo do suicídio
Especialistas falam sobre a importância de se manter a saúde mental e como a boa prática de atividade física pode ajudar no tratamento e prevenção das doenças psíquicas.
Por: Equipe Marcio Atalla
A saúde mental está cada vez mais se tornando uma questão de saúde pública no Brasil. Todos os anos milhões de pessoas no país sofrem com os problemas causados pela depressão e ansiedade, dois tipos de problemas cada vez mais comuns nos lares brasileiros, principalmente entre a população mais jovem.
E ansiedade e depressão, quando não tratadas, podem se manifestar de uma forma extremamente grave e perigosa, levando a pessoa a chegar a um desânimo, baixa autoestima e desinteresse pela vida, que pode preparar o terreno para que um inimigo terrível se manifeste e ‘’ganhe a guerra’’: o suicídio.
Vamos mostrar nesta reportagem:
.O que é ansiedade
.O que é depressão
.Quais são as principais causas destas doenças
.Como identificar os sintomas da ansiedade e da depressão
.Como perceber uma possível tendência e prevenir o suicídio
.Como a atividade física pode melhorar a saúde mental
Doença mental: Ansiedade, depressão, angústia e tristeza, como diferenciar?
Ainda existe muita dúvida e confusão sobre termos como depressão,ansiedade e angústia. Todas são manifestações que indicam problemas na saúde mental dos indivíduos. Mas como identificá-las?
“A ansiedade é uma inquietação interna. A pessoa tem a expectativa de que algo muito ruim vai acontecer. Pode causar sofrimento, trazendo a chamada angústia, o que costuma-se definir como dor da alma’’’, explica o psiquiatra e professor da USP Wagner Gataz. (https://www.youtube.com/watch?v=TS8vrMnxQyI)
A ansiedade também é um dos principais sintomas de uma doença chamada depressão, que provoca sintomas psíquicos como:
.Diminuição da autoestima
.Redução da capacidade de sentir qualquer tipo de prazer
.Perda do apetite sexual
.Sentimento de culpa
.Irritabilidade diante de qualquer situação
.Sensação de incapacidade para resolver os problemas
.Falta de vontade de trabalhar
.Desânimo com o trabalho ou pela falta de trabalho
.Desinteresse em viver
Mas a depressão não afeta somente a mente das pessoas, ela pode atacar também o corpo. Alguns dos principais sintomas físicos da depressão são:
.Dor de cabeça crônica
.Dor na nuca
.Dores no corpo
.Dor no peito(sensação de ‘’infarto’’)
.Insônia
Outra confusão que se faz também é de depressão com tristeza. Estudos da Organização Mundial de Saúde definem que a ‘’tristeza’’ sempre tem um motivo claro e objetivo. Por exemplo, a perda de um ente querido, o fim de um relacionamento amoroso e etc.
Já a depressão seria uma espécie de ‘’tristeza profunda’’ e sem motivo concreto aparente. Mesmo que algo positivo ocorra na vida da pessoa ela continuará triste, ansiosa e portanto em depressão.
A depressão oferece ainda um risco extremamente perigoso e grave, que é a possibilidade de levar alguém a praticar o suicídio.
Precisamos falar sobre o suicídio: a campanha do Setembro Amarelo
Pesquisas feitas pelo IBGE revelam um dado alarmante: o Brasil é o país ‘’mais depressivo’’ da América Latina. Os casos de depressão atingem mais de 16 milhões de pessoas acima de 18 anos. Um aumento de 34% dos casos nos últimos 7 anos. E a depressão, como já vimos, pode ser a porta de entrada para esta decisão terrível de tirar a própria vida: o suicídio.
São registrados cerca de 13 mil suicídios por ano no Brasil, o que dá uma média de 35 pessoas por dia, uma morte a cada 45 minutos.
E foi pensando em enfrentar este quadro assustador que se criou em 2014 a campanha Setembro Amarelo, uma iniciativa da a Associação Brasileira de Psiquiatria(ABP),do Conselho Federal de Medicina(CFM) e do CVV, o Centro de Valorização da Vida.
Mas como prevenir e baixar estes números assustadores de mortes por suicídio no país?
Para o psiquiatra Wagner Gataz é preciso antes de mais nada ‘’levar a situação à sério’’.
“Dizer para alguém que está com depressão que ele ou ela não tem nada, que não tem motivo para se encontrar naquele estado, não resolve nada e só piora a situação. É preciso dar apoio ao depressivo’’.
Com isso concorda o psicólogo Marcelo Alves dos Santos, professor do curso de Psicologia do Centro de Ciência Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
‘’O que se percebe é que certas doenças mentais e seus efeitos são minimizadas pela dificuldade de entendimento que a maioria da população acaba tendo, até em função do diagnóstico. Com o passar do tempo, o número de indivíduos acometidos por essas doenças cresceu consideravelmente, levando-nos ao início desta discussão, ou seja, maior adoecimento, maior o interesse midiático. No entanto, ainda temos muito a discutir a respeito deste assunto, visto que muitas pessoas ainda não conseguem entender efetivamente os riscos reais das chamadas doenças mentais. Haja visto que a própria família, quando percebe o adoecimento de um parente, ou mesmo alguém próximo, por ignorância do assunto e/ou preconceito, por vezes ignora a situação ou a ameniza’’, afirma Marcelo.
Atividade física: uma arma contra a ansiedade, a depressão e o suicídio
Uma boa notícia, comprovada por estudos e aplicações médicas é que mexer com o corpo,
manter uma rotina de exercícios físicos pode ajudar a combater os males provocados pela ansiedade, a depressão e auxiliar assim na prevenção ao suicídio.
“Uma pesquisa feita com um grupo de pacientes com depressão, revelou que a prática de atividade física 3 vezes por semana possibilitou que eles passassem a utilizar doses menores de medicamentos antidepressivos’’, conta o psiquiatra Wagner Gataz.
Ainda segundo o dr. Gataz, a atividade física aeróbica aumenta a oxigenação dos músculos e cérebro, gerando aumento do metabolismo cerebral, provocando uma melhora cognitiva e gerando ainda relaxamento, reduzindo a ansiedade e a angústia.
O psicólogo Marcelo vai pela mesma linha:
‘’O esporte tem um papel fundamental para a manutenção de nossa saúde. Ele não só traz condicionamento físico como também melhora o fluxo sanguíneo cerebral e a oxigenação do cérebro, auxilia de maneira considerável a função cognitiva, traz a sensação de bem-estar, com concentrações de serotonina e endorfina, alivia a tensão. São inúmeros benefícios para a saúde física e mental’’, conclui.
Além disso, sabemos que a atividade física feita em conjunto com outras pessoas, ajuda na socialização ,o que em harmonia com a psicoterapia e a medicação adequada, pode ajudar a combater de forma integral a ansiedade, a depressão e auxiliar na prevenção ao suicídio, salvando vidas!