Diabesidade: você sabe o que é?

A mistura entre diabetes e obesidade é um perigo para a saúde

Por: Equipe Marcio Atalla


Diabesidade: você sabe o que é?

O termo diabesidade indica a ocorrência, ao mesmo tempo, de duas enfermidades que são verdadeiras epidemias no século XXI: o diabetes tipo 2 e a obesidade.

E a situação no Brasil é particularmente ameaçadora, com uma população de mais de 20 milhões de diabéticos, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF).

Já o número de pessoas obesas ou com sobrepeso no país passa de 40 milhões, segundo dados do Atlas Mundial da Obesidade.

Esta combinação explosiva traz riscos:

.Metabólicos

.Inflamatórios

.Oncológicos

Quer saber como se precaver desta grave ameaça ao bem-estar? Siga lendo esta reportagem!  

 

O que é

Mas como explicar o que é a diabesidade? Quem nos ajuda a entender melhor é a endocrinologista Deborah Beranger, pós-graduada em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).

 “A resistência à insulina, comum em pessoas com obesidade, obriga o pâncreas a produzir cada vez mais desse hormônio para manter os níveis de glicose sob controle. Com o tempo, esse esforço leva ao esgotamento das células beta pancreáticas e ao surgimento do diabetes tipo 2. Isso agrava o quadro de hiperglicemia’’.

E acrescenta a médica:

‘’Quando associadas, obesidade e diabetes representam uma doença metabólica complexa que reflete fatores genéticos, sociais e de estilo de vida, como sedentarismo, alimentação inadequada e estresse. Essa associação aumenta o risco de complicações cardiovasculares, metabólicas e outras condições relacionadas, tornando a diabesidade uma combinação perigosa para a saúde”.

 

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Riscos para a saúde

A diabesidade pode aumentar o risco de câncer de pâncreas.

‘’Isso ocorre pois a hiperinsulinemia e resistência à insulina estimulam excessivamente as células acinares (responsáveis pela produção, armazenamento e secreção das enzimas digestivas) do pâncreas, responsáveis pela produção de sucos digestivos. Esse estímulo excessivo pode causar inflamação crônica, que favorece a transformação das células em pré-cancerosas, aumentando a probabilidade de câncer”, afirma o oncologista Ramon Andrade de Mello, Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) e médico do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil (São Paulo).

A diabesidade impacta de tal forma o metabolismo, que gera processos inflamatórios, afetando vários órgãos do corpo aumentando assim a probabilidade de doenças:

.Cardiovasculares

.Renais

.Hepáticas

Esta condição também pode levar ao câncer.

“A obesidade pode estar relacionada ao aumento de risco para pelo menos 13 tipos diferentes de câncer, incluindo de fígado, mama, intestino, endométrio e pâncreas. Células adiposas em excesso não apenas armazenam energia, elas secretam substâncias inflamatórias que alteram o funcionamento normal do organismo e favorecem o surgimento de mutações celulares”, diz o dr,Ramon.

 “Em pacientes com diabesidade, esses fatores se somam à hiperglicemia e à hiperinsulinemia, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de tumores”, acrescenta a dra. Deborah.

A diabesidade também afeta as funções vasculares, fazendo crescer o risco de:

.Problemas de visão(retinopatia)

.Doença renal

.Lesões nos nervos (neuropatia)

.Inflamação do músculo cardíaco (cardiomiopatia)

‘’Pessoas com diabesidade têm maior risco de mortalidade precoce, com redução da expectativa de vida estimada entre 3 a 10 anos, além de piora da qualidade de vida devido às múltiplas comorbidades associadas”, diz o oncologista.

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Prevenção e tratamento

 Para preservar a saúde e vencer a diabesidade, é fundamental o diagnóstico precoce.

 “Níveis elevados de glicose no sangue podem ser um sinal precoce de câncer de pâncreas silencioso, o que torna o monitoramento glicêmico uma ferramenta potencial para detecção precoce da doença”, aponta o dr. Ramon Andrade de Mello.

 Mas o quadro pode ser prevenido e até mesmo revertido com mudanças no estilo de vida, como:

.Prática regular de atividade física (musculação e exercícios aeróbicos)

.Alimentação balanceada (reduzindo o consumo de ultraprocessados)

.Redução do estresse

.Regularização do sono

‘’A perda de 5% a 10% do peso corporal já traz benefícios clínicos significativos para pessoas com pré-diabetes ou diabetes tipo 2’’, comenta a endocrinologista Deborah Beranger.

Um dos principais caminhos para combater a junção entre diabetes do tipo 2 e obesidade, está na boa dieta e na quantidade de calorias ingeridas.

“Caso o paciente esteja em sobrepeso, o balanço energético negativo, com ingestão de menos calorias do que o corpo gasta, é uma estratégia interessante, mas é necessário avaliar também a qualidade nutrológica dos alimentos ingeridos. De forma alguma 300kcal (calorias) de salada, vegetais e proteínas magras tem o mesmo efeito metabólico que 300kcal de algodão doce. Alimentos de calorias vazias, sem nutrientes, ricos em carboidratos simples, como os doces, aumentam o pico de insulina, que pode aumentar os riscos de desenvolver diabetes e doenças metabólicas (hipertensão, diabetes e dislipidemias)”, aponta  a  nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

E prossegue a nutróloga:

“Com relação às mudanças no estilo de vida, é necessário melhorar hábitos alimentares, incluir exercícios físicos, melhorar hábitos de sono, evitar alcoolismo e tabagismo. Na prevenção e tratamento da síndrome metabólica, o exercício físico é considerado de grande importância. Tal intervenção, comprovadamente, melhora a tolerância à glicose e reduz a resistência à insulina. A prática moderada tanto de exercícios aeróbicos como de força é indicada para todos, mais ainda para pré-diabéticos e portadores de síndromes metabólicas, desde que seja frequente e obedeça a uma periodicidade. Atividades de flexibilidade e relaxamento, associadas às de força e aeróbicas, também trazem impactos positivos. O mais importante é sair do sedentarismo”.

E a dra. Deborah finaliza com um recado importante sobre o combate à diabesidade:

“É preciso parar de tratar obesidade e diabetes como questões separadas. Elas são faces da mesma moeda e precisam de um manejo integrado e multidisciplinar”.

 

Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e dos médicos:

Dr. Ramon Andrade de Mello/Oncologista

Dra. Deborah Beranger/ Endocrinologista

Dra. Marcella Garcez/Nutróloga

 

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