A vacinação entre os brasileiros continua e já mostram o resultado esperado com a baixa do número de casos e de mortes, em função do número de pessoas que tomaram a vacina no país. No entanto,como se sabe, mesmo neste momento não se pode relaxar com as medidas sanitárias para se impedir a contaminação e a propagação do vírus,como uso de máscara,higienizar as mãos com álcool em gel e respeitar o distanciamento social. Mas mesmo com vacina e protocolos,ainda temos um grande número de casos no Brasil e quem tem a doença e sobrevive,pode enfrentar outro problema: as sequelas pós-Covid.

Dentre estas,podemos destacar 5 :

.Problemas cardíacos

.Sequelas neurológicas

.Perda de massa muscular

.Trombose

.Queda de cabelos

Cuidado com o coração e o cérebro

Um estudo realizado este ano entre adultos jovens e publicado na conceituada revista científica britânica Experimental Physiology,revela  vários dos possíveis efeitos que a Covid-19 pode provocar a longo prazo na saúde humana,o chamado ‘’Long Covid’’.E um dos que  mais chamaram a atenção dos cientistas,foram os problemas cardíacos.

 “O aumento da rigidez das artérias, em particular, foi encontrado nesses jovens. Isso pode afetar a saúde cardíaca e também pode ser importante para outras populações que experimentaram casos graves do vírus. O estudo destaca que esses adultos jovens e saudáveis podem ter risco aumentado de complicações cardiovasculares, que podem continuar por algum tempo após a infecção por Covid-19”, explica o dr. Juliano Burckhardt, médico cardiologista, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da American Heart Association. 

O dr. Juliano acrescenta: “Essa pesquisa assinala a importância de que jovens, após o tratamento e a cura dos sintomas, procurem um médico cardiologista, melhorem hábitos de vida, incluindo dieta e prática de atividade física, com o objetivo de diminuir os riscos cardiovasculares”.

Mas não é só o coração que pode ser afetado por sequelas pós-Covid. O cérebro e por consequência a saúde mental também podem ser impactados pela Covid-19.

 É o que mostra um estudo publicado no  Journal of  Neurology, Neurosurgery & Psychiatry ,outro periódico científico da Grã-Bretanha. A pesquisa aponta que pacientes que tiveram Covid-19 podem apresentar  sequelas neurológicas.

 “O cérebro acaba sendo um alvo fácil durante o processo de doença por diversos acontecimentos em simultâneo no corpo”, conta o dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). 

Entre as sequelas pós-Covid neurológicas mais comuns estão:

.Fadiga

.Sensação de falta de ar

.Dores musculares

.Cefaleia

.Tontura frequente

.Perda de memória e de concentração

.Insônia. 

Ainda segundo o dr.Gabriel, fatores que são provocados pela Covid-19 como  a falta de oxigênio para o  cérebro, danos nos vasos, a alta carga inflamatória que atinge o  sistema imune do infectado e a própria invasão da região cerebral pelo coronavírus, são os responsáveis  por este processo.

Uma forma de enfrentar este problema está na alimentação. De acordo com a médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) Marcella Garcez , carboidratos como cereais, pães e massas integrais, hortaliças e frutas,auxiliam  a manter os níveis de glicemia em níveis equilibrados, contribuindo para o bom  funcionamento cerebral.

 “As castanhas do Pará, amêndoas e sementes como chia e linhaça são ricos em vitaminas, minerais e ácidos graxos ômega 3, que reduzem o estresse oxidativo e melhoram o sistema imune, protegendo contra o envelhecimento celular. As sementes de chia e linhaça têm impactos positivos no metabolismo pela grande presença de fibras”, diz  ainda a dra. Marcella.

De olho na massa muscular

Um outro problema grave que pode atingir pacientes que tiveram a Covid-19 e precisaram ficar internados, sem poder sair da cama durante muito tempo, é a perda de massa  muscular. 

“A fadiga, inclusive, se deve a várias causas, e pode ser decorrente da perda de massa muscular causada diretamente pelo vírus. Quanto maior a gravidade da infecção, maior o comprometimento a longo prazo”, explica a cirurgiã plástica  Beatriz Lassance, titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica(SBCP) e do American College of LifeStyle Medicine. 

Ainda segundo a dra. Beatriz, “para enfrentar os sintomas musculares do Long Covid, o tratamento deve ser multidisciplinar. Dieta saudável, rica em antioxidantes, suplementos nutricionais adequados, exercícios físicos regulares e dentro dos limites de cada paciente são indicados”,.

Já para a  médica nutróloga Marcella Garcez, ‘’é indicado um programa regular de exercícios estruturados com elementos aeróbicos e de resistência, além de garantir a reposição de líquidos e eletrólitos, e seguir uma essencial orientação dietética, com aporte adequado de proteínas, carboidratos e gorduras. Para pacientes que apresentaram casos graves da doença, a recuperação da massa muscular, além de sessões de fisioterapia e exercícios físicos orientados, requer aumentar o aporte de proteínas, calculadas de acordo com as necessidades individuais, inseridas em um plano alimentar. As principais fontes proteicas são as carnes, ovos, laticínios e leguminosas. No caso de não atingir o aporte proteico mínimo, suplementos podem ser indicados, sempre após o jantar, para não impactar no apetite. O principal benefício é a recuperação da massa muscular, mediada por fisioterapia e atividade física”

Atenção à trombose e cabelos

Outro problema grave que assusta quem passou pelo drama de ser infectado pelo coronavírus  é a trombose, que pode se manifestar  semanas ou meses depois da contaminação, com uma incidência até  três vezes maior em quem experimentou casos severos da doença. 

‘’É fundamental procurar um médico cirurgião vascular após a recuperação da doença, mesmo em casos menos graves. Na trombose, um coágulo sanguíneo se desenvolve no interior das veias das pernas devido à circulação inadequada, impedindo assim a passagem do sangue. O problema geralmente se manifesta como um quadro de dor na perna, principalmente na panturrilha, associado a inchaço persistente, calor, sensibilidade e vermelhidão o que vai levar quase sempre à procura de ajuda médica. Em casos mais raros, o coágulo pode ainda se desprender da parede da veia e correr pela circulação até chegar ao pulmão, causando uma embolia pulmonar que pode resultar até mesmo em morte súbita”, afirma a  cirurgiã vascular  Aline Lamaita, integrante da  Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular(SBACV).

Ainda segundo a dra. Aline, “isso acontece porque o agente patógeno causador da Covid-19 desencadeia um processo incomum de coagulação, favorecendo a formação de coágulos nas veias e, consequentemente, aumentando a incidência de quadros de trombose. Além disso, o Coronavírus também favorece o surgimento de trombose nos pequenos vasos, causando uma inflamação na parede das artérias e dos vasos”.

Ela recomenda que seja feito  um check-up vascular  completo no paciente e o uso de meia elástica de compressão para prevenção de trombose, em alguns casos.

Outra sequela pós-Covid comum é a perda de cabelo. Muitos pacientes  recuperados da Covid-19 tem relatado sofrer com queda capilar.

Para o dermatologista Daniel Cassiano da Sociedade Brasileira de Dermatologia(SBD), “a perda de cabelo é um fenômeno bem descrito após qualquer estresse fisiológico no corpo. Embora ainda não tenhamos estudo científico sobre o assunto, essa queda pode estar ligada ao estresse físico e psicológico que os pacientes vivenciaram com a infecção”.

Mas o dr. Cassiano avalia que esta queda de cabelo provocada por quadros de infecção no corpo ou estresse emocional, como é o caso da Covid-19,é temporária. De qualquer forma, ele recomenda que o paciente busque consulta com um dermatologista, pois existem suplementos nutritivos que podem amenizar o quadro.