Cigarro eletrônico pode viciar em maconha
O uso do vape aumenta em 5 vezes a chance dos jovens usarem maconha
Por: Equipe Marcio Atalla
O uso dos cigarros eletrônicos, ou vapes, tem se tornando muito comum em vários países do mundo, principalmente após o início da pandemia de Covid-19 em 2020.
E as gerações mais jovens tem sido as que mais utilizam os vapes, principalmente pela divulgação do produto em redes sociais
Mas o uso do cigarro eletrônico, além dos males comuns que afetam os tabagistas, também pode acabar levando os usuários a se tornarem viciados em maconha.
Quer saber mais? Então siga lendo esta reportagem.
O que é o vape
Mas afinal o que é o cigarro eletrônico? Quem nos ajuda a entender melhor é o médico Gleison Guimarães, especialista em pneumologia pela UFRJ e integrante da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
‘’O vaper, vaporizador ou DEFs(dispositivos eletrônicos fumáveis) são dispositivos que se utilizam do aquecimento de um líquido ou mesmo de ervas para que o usuário trague a substância.
Estes dispositivos eletrônicos para fumar utilizam estratégias como um aspecto moderno, cores vivas e sabores artificiais para conquistar consumidores. Mas não se engane: esses aparelhos trazem riscos semelhantes ou até maiores à saúde que outras formas de uso do tabaco’’.
É preciso lembrar que apesar do nome do aparelho eletrônico ser vaper, se popularizou chamá-lo também de vape.
Os vapes estão repletos de produtos químicos e metais tóxicos em sua composição, como por exemplo:
.Nicotina
.Propileno glicol (usado como solvente de tinta)
.Benzeno (encontrado no escapamento de carros)
.Acetaldeído e formaldeído (cancerígenos)
.Acroleína (agrotóxico)
.Diacetil
.Dietileno glicol
.Metais pesados: níquel, estanho e chumbo
.Cádmio
O consumo em adolescentes aumentou muito desde 2018. Principalmente porque começaram a usar o sal de nicotina no vape ao invés da nicotina livre.
‘’ O sal induz muito mais dependência. Outra coisa foram os dispositivos com alta carga de nicotina que conquistam cada vez mais usuários. Alguns dispositivos chegam a ter o equivalente a 100 cigarros. E reconhecemos que quanto maior a dose, maior é a dependência’’, afirma o médico.
E ainda há problemas mesmo para quem não se arrisca a ‘’tragar’’ o vape.
Uma pesquisa realizada na University of Southern California, nos EUA, revelou que o tabagismo passivo ao cigarro eletrônico provocou as seguintes reações em adultos jovens:
.40% apresentaram sintomas de bronquite
.53% sentiam falta de ar
Aqui no Brasil, pesquisadores e cientistas de cerca de 50 entidades da área de medicina divulgaram um estudo alertando para vários problemas de saúde causados pelos vapes, tais como:
.Doenças respiratórias
.Doenças gastrointestinais
.Doenças cardíacas
.Insuficiência renal
.Úlcera no nariz
.Anemia
.Demência
.Mal de Alzheimer
.Hiperatividade
.Dificuldade de aprendizagem em crianças
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Vape e o consumo de maconha
Outros estudos científicos mostram ainda que o uso dos cigarros eletrônicos pode levar a outros vícios.
‘’Os fumantes de cigarro eletrônico têm 2 a 4 a quatro vezes mais chances de virarem fumantes de cigarros convencionais no futuro. Além disso, fumar cigarro eletrônico aumenta em 5 vezes a chance do jovem ou adolescente se tornar usuário de maconha”, diz o dr.Gleison.
E o médico explica:
‘’ Cigarros são reconhecidamente uma forma de iniciação da dependência de substâncias químicas com potencial de adição’’.
E quais os riscos da maconha para a saúde?
‘’Existem poucos estudos com o uso da Cannabis sob a forma de aerossol de dispositivos eletrônicos para fumar. Mas o que existe de publicação, em relação ao uso do canabidiol sob Vaping, na vaporização,induz uma resposta inflamatória potente e leva a mais alterações patológicas associadas à lesão pulmonar do que a vaporização de nicotina’’,acrescenta o especialista.
Pode ocorrer o caminho inverso também, um usuário de maconha se tornar usuário de vape?
‘’Sim, pode acontecer esse caminho bidirecional que se retroalimenta e pode fazer até mesmo a facilitação para uso duplo, de cigarros por combustão e dos eletrônicos ao mesmo tempo. Mas não existem estudos com nível de evidência adequados, a longo prazo, para comparar danos provocados pelas duas estratégias’’, fala o médico.
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Como tratar o vício
Quando os vapes surgiram por volta de 2007 nos Estados Unidos, num primeiro momento chegaram a ser vistos como uma ‘’alternativa menos nociva’’ em comparação aos cigarros tradicionais.
Isso foi desmentido com o tempo?
‘’Sim, totalmente. Cigarros eletrônicos não são um tratamento de cessação do tabagismo. O uso de DEF causa doenças, replica características comportamentais e sociais do tabagismo, perpetua a dependência da nicotina e normaliza o tabagismo pela atenuação do cheiro e pela tecnologia dos dispositivos, uma nova ordem que só beneficia a indústria do tabaco’’, aponta o dr. Gleison Guimarães.
Em função disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda dos dispositivos eletrônicos fumáveis (DEFs) em todo o Brasil.
Mas o que fazer com quem já caiu nesse vício? Qual o tratamento?
‘’Depende muito da substância de uso, da quantidade, do perfil do indivíduo, personalidade, situação social e outros fatores.
Quando falamos da nicotina, o tratamento envolve uma combinação de terapia cognitivo comportamental associada a terapia de reposição de nicotina e em alguns casos, substâncias acessórias como antidepressivos e estabilizadores de humor, que reduzem sensivelmente os efeitos da síndrome de abstinência principalmente para quem apresenta dependência da substância nicotina’’, finaliza o pneumologista.
Contamos com a colaboração da DATZ Comunicação e do médico:
Dr. Gleison Guimarães/Pneumologista
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