Vida e Saúde

5 motivos para desistir do celular duas horas antes do sono

Durante a quarentena, é mais comum que o celular seja um bom companheiro dentro de casa. Mas se você já ficou o dia inteiro nele, trabalhando ou em contato social, é melhor deixá-lo de lado à noite e tentar ler um livro ou fazer meditação

Muitos de nós continuamos em quarentena por causa da pandemia do novo Coronavírus, mas a tecnologia ainda nos une, seja por meio de videoconferências ou até mesmo telefonemas, resguardando nosso contato social – que é fundamental para a saúde mental. Mas se o seu melhor amigo nessa jornada tem sido o smartphone, saiba que é melhor começar a discutir a relação: o celular, direta ou indiretamente, pode ser responsável por piorar a qualidade do sono, aumentar o nível de estresse, causar manchas e rugas na pele, além de lesões nos dedos.

Abaixo, médicos de diversas especialidades explicam porque deixar o celular de lado e buscar novas atividades pelo menos duas horas antes de dormir:

O celular prejudica seu sono

O uso da tecnologia é apontado como um dos grandes problemas que podem estar condicionando o sono de tantas pessoas. Cerca de 90% da população diz usar o celular, a TV ou outro dispositivo eletrônico até adormecer.

“Esses dispositivos também emitem luz azul. Essa luz diz ao nosso cérebro para acordar e estar alerta pela manhã. Mas o problema é pior no caso do celular, já que ele fica mais próximo ao rosto. Então o uso desse dispositivo pode causar insônia ou piorar muito a qualidade do sono”, explica Mário Farinazzo, cirurgião plástico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e médico voluntário no atendimento a casos suspeitos de Covid-19 no Hospital São Paulo.

“Para dormir bem, fique longe de aparelhos como celulares, computadores e TV antes de se deitar e faça refeições mais leves à noite”, diz a médica ginecologista Ana Carolina Lúcio Pereira, membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Foto: Opat Suvi/ Shutterstock

Ele também pode aumentar seu estresse

Segundo Farinazzo, durante o dia acumulamos pensamentos e temos a liberação hormonal do cortisol. “E, à noite, que é, teoricamente, o momento que devemos desligar, com essas mudanças na rotina por conta do isolamento, ocorre o pico dessa ansiedade, pois não tivemos um dia equilibrado e não conseguimos processar toda a informação. Por isso, normalmente, muitas pessoas não conseguem dormir ou descontam na comida quando a noite chega”, diz o médico.

O problema é que o celular pode potencializar muito esse processo, já que – mesmo que você use para distrair a cabeça, é difícil passar imune às redes sociais. E nesse momento, somos bombardeados de informações a respeito do Covid-19. “Essa não é uma maneira eficiente de relaxar antes de dormir. Especialmente porque, frequentemente, o que estamos vendo nas notícias pode nos causar ansiedade ou estresse, mesmo antes de dormir, quando estamos tentando desacelerar e relaxar”, diz Ana Carolina.

Além de atrapalhar o sono, a luz azul do celular também causa manchas

Não bastasse causar problemas de sono e aumento de estresse, o celular também está relacionado a problemas estéticos. O primeiro deles são a manchas. “A exposição diária e excessiva diante do computador e celular, por exemplo, pode trazer malefícios como contribuir para o envelhecimento da pele, por causa da radiação emitida, além de ajudar quanto ao aparecimento de manchas. Estamos cada vez mais expostos ao que vem sendo chamado de envelhecimento digital, ou ainda de envelhecimento 3C – cidades, computadores e comunicação sem fio”, afirma Isabel Luiza Piatti, especialista em Estética e Cosmetologia, embaixadora do Centro e Instituto Internacional de Aprimoramento e Pesquisas Científicas (CIA) e membro do Conselho Científico da Academia Brasileira de Estética Científica (ABEC).

Segundo a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, a luz azul é proveniente dos smartphones, tablets e computadores, sendo considerada a porção mais energética da luz visível e está relacionada a diversas patologias como melasma, envelhecimento e câncer de pele.

“Mesmo não sendo um conceito novo, é necessário pontuar que a luz visível continua sendo um perigo. Presente na nossa rotina diária, ela é capaz de promover a médio e longo prazo um quadro de eritema mesmo que subcutâneo, mas já suficiente para gerar a presença das sunburn cells (ou células que sofreram alterações importantes pela radiação ultravioleta apresentando degeneração no seu DNA, promotoras mais tarde da possibilidade de cancerização). A luz visível atua no estímulo da melanogênese, resultando em manchas”, afirma a médica.

Então, se você precisa trabalhar com o celular o dia inteiro, use protetor solar. Durante a noite é o momento ideal para esquecer que seu smartphone existe!

Foto: ALDECA studio/ Shutterstock

Cuidado com o tech neck

Você conhece as rugas tech neck? Esse termo surgiu com a imprensa especializada americana e se tornou uma das novas preocupações mundiais em skincare, pois o constante dobramento da pele do pescoço em movimentos repetitivos para olhar o celular tem aumentado a procura por tratamentos preventivos e corretivos das rugas e linhas do pescoço.

“A inclinação frequente da cabeça para baixo para olhar o celular, tablet ou outro dispositivo acelera o processo de envelhecimento no pescoço e isso foi citado inclusive por um estudo da Universidade de Chung-Ang, na Coreia do Sul, sobre uma nova técnica para rejuvenescer a pele da região: o artigo dizia que mulheres a partir dos 29 anos já apresentam vincos nessa área, enquanto o natural seria depois dos 40”, diz a dermatologista.

“O estudo afirmava que, recentemente, o número de pacientes com rugas do pescoço vem aumentando. Além disso, um número crescente de pacientes jovens apresentou essa condição, possivelmente devido ao efeito da postura que eles adotam ao olhar para baixo quando usam smartphone ou outros dispositivos. Esses movimentos repetitivos formam sulcos, como se fossem ‘colares cervicais’ nessa região’, afirma Claudia.

Suas mãos e seus dedos pedem uma pausa

Hoje em dia é comum observar pessoas que não largam o celular por nada e passam o dia – e as horas que deveriam ser dedicadas ao sono – todo digitando e enviando mensagens. Porém, muitos desconhecem que o hábito de realizar sempre o mesmo movimento com os dedos para digitar, ou até mesmo segurar constantemente o dispositivo com uma das mãos, pode favorecer o aparecimento de uma série de problemas.

Um estudo conduzido pela Universidade de Gothenburg, na Suécia, afirma que o polegar é uma das áreas mais sensíveis, por conta dos movimentos altamente repetitivos, que têm sido identificados como um potencial fator de risco para distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao uso de telefones celulares.

A repetição excessiva do mesmo movimento pode causar um efeito inflamatório e, posteriormente, degenerativo nas articulações e tendões dessas regiões. Segundo a angiologista Aline Lamaita, membro da Academia Americana de Medicina do Estilo de Vida, o melhor a fazer é usar o expediente noturno como pauta e, não apenas para realizar alongamentos da região comprometida, como também estimular a circulação.

O que fazer de noite para ‘suprir’ as horas no celular? A dica é substituir essas tecnologias por tarefas realmente relaxantes. “Tente fazer algum tipo de leitura ou meditação, principalmente próximo ao horário convencional que você dormia antes do isolamento social”, diz Farinazzo.

Outros rituais que podem ajudar é tomar um banho, acender uma vela e usar produtos e hidratantes faciais com aromas calmantes, como lavanda e sândalo.

Outra dica importante é com relação às práticas de meditação e bons hábitos. “Mindfullness, por exemplo, significa viver em atenção plena, ou seja, conseguir literalmente vivenciar os momentos, desde os mais simples com todas as suas características emocionais e sensoriais, sem distrações. O mindfullness pode ser usado para qualquer pessoa que queira começar alguma prática de meditação mas que não sabe como dar os primeiros passos. Essa prática está relacionada à gerência de estresse, melhora de concentração e melhora de produtividade”, finaliza Aline.

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