Aprendendo a envelhecer
A evolução do conhecimento médico desvendou os mecanismos causadores das principais doenças humanas e, aliada a um desenvolvimento tecnológico sem precedentes, conseguiu criar novos exames e tratamentos, provocando a maior revolução na nossa história.
Por: Equipe Marcio Atalla
Com a identificação das bactérias, fungos e vírus e o surgimento dos antibióticos conseguimos derrotar os microorganismos 1,2,3 que dizimaram a humanidade durante séculos, permitindo um feito incrível: aumentamos a expectativa de vida de 33 anos, em 1900, para mais de 60 anos, em 2000.
O controle das Doenças Infecciosas e Parasitárias nos permitiu envelhecer por muito mais tempo, abrindo espaço para o surgimento das Doenças Crônico-Degenerativas, causadas pelo desgaste do nosso corpo em virtude de uma sobrecarga excessiva associada a um cuidado insuficiente, ou seja, resultantes do nosso ESTILO DE VIDA. Esse processo ficou conhecido como Transição Epidemiológica 4 , caracterizado pela epidemia mundial de Hipertensão, Diabetes, AVC e Infarto, doenças típicas entre os 40 e 60 anos de idade. O envelhecimento foi uma grande conquista, mas que acabou criando um novo desafio: rapidamente passamos a envelhecer, mas ainda não aprendemos como envelhecer bem. Viver mais traz uma maior responsabilidade: nossas escolhas passam a trazer consequências importantes em nossa vida no futuro 5 .
Mais uma vez o desenvolvimento de novos exames e tratamentos conseguiu um aparente controle sobre essa segunda onda: muitas pessoas fazem seus exames de checkup periodicamente e tratam suas doenças com medicamentos cada vez mais eficientes. Todavia, a redução nas taxas de incidência, de morbidade e de mortalidade (hyperlink) é apenas enganosa, pois ainda não conseguimos mudar de maneira efetiva e sustentável os hábitos de vida, a única medida que pode realmente transformar a maneira como envelhecemos.
Empurramos a expectativa de vida para perto dos 80 anos de idade, mas novas doenças surgem, como o câncer, o Alzheimer, o Parkinson, a fragilidade muscular e óssea, a depressão, a ansiedade e a solidão, doenças típicas entre os 60 e 80 anos de idade.
É óbvio que os avanços médicos e tecnológicos são essenciais na luta por saúde, bem estar e qualidade de vida, mas apenas como ferramentas auxiliares no combate a tantos males que assombram a vida humana. A base fundamental para a construção de uma nova realidade é o estabelecimento de um estilo de vida saudável (hyperlink) pautado em relações sociais positivas e sólidas, alimentação saudável e movimentação cotidiana em atividades de treino e de lazer, promovendo um estímulo adequado do corpo e da mente para envelhecer de maneira equilibrada e plena.
Por: Riani Costa
Referências:
1. Fleming A. On the Antibacterial Action of Cultures of a Penicillium, with Special Reference to
Their Use in the Isolation of B. influenzae. British journal of experimental pathology.
1979;60(1):3-13.
2. Barron H. Lerner. Searching for Semmelweis. Lancet. Volume 383, Issue 9913, 18–24
January 2014, Pages 210-211
3. NULAND, Sherwin B. A peste dos médicos: germes, febre pós-parto e a estranha história de
Ignác Semmelweis. Trad. Ivo Korytowski. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
4. Omram AR 2001. The epidemiologic transition: a theory of the epidemiology of population
change. Bulletin of the World Health Organization 79(2):161-170.
5. Garcia MAA, Rodrigues MG & Borega RS 2002. O envelhecimento e a saúde. Revista de
Ciências Médicas 11(3):221-231.