A origem de todos os males
A culpa por nossas doenças não é nossa, somos vítimas de uma pressão seletiva.
Por: Equipe Marcio Atalla
Hipócrates (460 – 370 a.C) é considerado o pai de medicina, mas estranhamente ele nasceu em uma família de médicos… como pode o filho ser o pai?!? Na realidade, os primeiros relatos que vieram a construir o conhecimento médico e a criar a própria medicina datam de muito tempo antes, talvez no Egito antigo, com Imhotep (2700 – 2670 a.C), a quem é atribuída a autoria de diversos textos médicos, incluindo o papiro de Edwin Smith, o mais antigo escrito de literatura médica conhecido no mundo.
De qualquer forma, o título de pai da medicina pode ser considerado como uma bela homenagem ao papel inestimável que Hipócrates prestou na história da medicina: foi ele que pela primeira vez rejeitou a medicina primitiva, baseada em superstições e magia, realizando observações e descrições que conduziram ao desenvolvimento do conceito da causalidade das doenças, transformando a medicina em uma ciência. Ele definiu que os males que nos atingem são o resultado de uma combinação entre fatores ambientais, genéticos, alimentares e comportamentais, agindo sobre o estado de equilíbrio do organismo, determinando o desenvolvimento de doenças ou permitindo a manutenção/ proteção e até mesmo a evolução de um estado de plena saúde e bem estar.
Importante destacar que nesta época foi constatado que a doença não é um fenômeno imediato, mas um continuum mutável que transita entre estados pré patológicos, permitindo tanto ao paciente quanto ao médico identificarem os desequilíbrios transitórios que se manifestam precocemente, com a oportunidade de agir na busca de sua correção antes que a doença se instale definitivamente. Nesse contexto, o conhecimento do processo saúde-doença é ponto chave para combater os males que nos afligem e promover saúde e bem estar.
Definitivamente nós podemos vencer as doenças, mas isso depende essencialmente do abandono de atitudes de risco e da adoção de comportamentos saudáveis capazes de proteger a saúde e promover as capacidades do corpo humano, aumentando sua resistência às pressões ambientais ou genéticas que podem surgir ao longo da vida. Além disso, podemos também minimizar o impacto das mudanças típicas do próprio processo de envelhecimento, permitindo uma vida longa e saudável na plenitude de nossas funções e na realização de nossos desejos e necessidades.
Assim, a culpa por nossas doenças não é nossa, somos vítimas de uma pressão seletiva seguida por uma profunda mudança evolutiva. Por outro lado, felizmente hoje já adquirimos o conhecimento e desenvolvemos os instrumentos necessários para mudar essa história… a responsabilidade pela solução desses problemas é nossa, de cada um de nós. Somos o resultado de nossas atitudes e de nossas escolhas. Quem não quer, arruma uma desculpa e foge da responsabilidade; quem quer, assume o controle das decisões e supera qualquer desafio.
Por: Riani Costa