‘Barriga de chope’ é ameaça aos rins!
Estudo mostra que a gordura visceral no abdômen pode levar à doença renal
Por: Equipe Marcio Atalla
Você é daqueles que ‘’ostenta’’ a tão conhecida ‘’barriga de chope’’? Pois saiba que além de incômoda esteticamente, o acúmulo de gordura no abdômen, conhecido na linguagem médica como gordura visceral, pode trazer sérios males à saúde.
Um dos principais, é o comprometimento das funções dos rins, levando ao aparecimento da tão temida doença renal crônica.
E sse risco para os rins foi constatado numa recente pesquisa científica.
Quer saber mais? Então siga lendo esta matéria!
A ‘’barriga de chope’’
O corpo humano possui vários tipos de gorduras, que se diferenciam umas das outras pelos locais onde costumam se acumular. Debaixo da pele, por exemplo, está o tecido adiposo subcutâneo. E quando a gordura se encontra ao redor dos órgãos, principalmente na região do abdômen, se configura então o chamado tecido adiposo visceral, conhecido popularmente como “barriga de chope” ou “gordura da pochete”.
E uma pesquisa publicada na conceituada revista científica Nature, (((https://www.nature.com/articles/s41598-023-36390-z#Tab1)) revelou que a gordura visceral pode prejudicar os rins.
O estudo mostrou que o acúmulo de gordura visceral aumenta o metabolismo da proteína cistatina C que, quando se encontra em níveis muito altos no organismo, acelera o desgaste e perda progressiva da função renal.
“O acúmulo de gordura visceral aumenta o metabolismo da proteína cistatina C que, em níveis elevados, notados em exame de sangue, é um importante marcador para perda da função renal. Essa gordura excessiva aumenta o risco da doença renal crônica, que engloba alterações heterogêneas que afetam tanto a estrutura quanto a função dos rins. A doença é progressiva, não tem bom prognóstico e pode culminar no tratamento com diálise”, explica a nefrologista Caroline Reigada, médica especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
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Detalhes do estudo
Os cientistas que realizaram a pesquisa avaliaram os níveis de gordura e fizeram exames com marcadores de doenças renais em cerca de 377 pessoas que se dispuseram a participar do estudo. Foram cerca de 220 homens e 157 mulheres, com idade média de 56 anos e um detalhe: nenhum deles tinha histórico de doença renal.
A pesquisa confirmou que que a gordura visceral é realmente a maior ameaça à saúde dos rins, já que o tecido adiposo subcutâneo e o tecido adiposo total não apresentaram nenhuma relação com os índices de doença renal.
A médica Caroline Reigada aponta que a gordura visceral é mais comum nos homens.
“Os hormônios masculinos predispõem a um maior acúmulo desse tipo de gordura, enquanto os hormônios femininos estão relacionados à gordura do tecido subcutâneo. No entanto, com a menopausa, as mulheres começam a acumular maior gordura visceral também”.
E a nefrologista acrescenta:
“Essa gordura funciona como um reservatório lipídico e proporciona proteção. Esse tipo de gordura se localiza mais no abdômen e o seu excesso tem estado diretamente ligado a um maior risco de diabetes tipo 2, resistência à insulina, doenças inflamatórias e outras doenças relacionadas com a obesidade”.
Mas as ameaças não param nos rins. Níveis elevados de cistatina C podem indicar também um alto risco de outros tipos de problemas, tais como:
.Doenças e insuficiência cardíaca
.Acidente vascular cerebral
“A cistatina C é uma proteína básica liberada a uma taxa constante pela maioria das células e excretada da corrente sanguínea pelos rins e é um excelente indicador da taxa de filtração glomerular, isto é, do sangue pelos rins. A cistatina C é considerada superior à creatinina como marcador para detecção de insuficiência renal leve”, enfatiza a especialista.
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Cuidados e prevenção
A doença renal tende a afetar mais os idosos. Cerca de 46% dos pacientes renais crônicos tem 64 anos ou mais. Já na faixa etária abaixo desta marca, o número de casos chega ao máximo de 10%.
Outra característica da doença (ou insuficiência) renal crônica é que ela é progressiva.
“Ou seja, não há retorno para uma função renal adequada, podendo inclusive chegar ao último grau de disfunção dos rins, que é o grau 5, aquele em que somente a diálise ou o transplante podem salvar a vida do paciente. Neste caso, no Brasil, a doença mais prevalente que vai destruindo as funções dos rins é a hipertensão arterial sistêmica, a popular pressão alta. Mas a obesidade também está relacionada”, indica a dra. Caroline.
A médica destaca que é preciso estar alerta em relação à “barriga de chope” e “gordura da pochete”: “Pacientes em sobrepeso com maior acúmulo de gordura abdominal devem procurar um médico nefrologista. Esse paciente deve procurar um nefrologista para identificar precocemente esse tipo de marcador. Devemos lembrar que a doença renal crônica é clinicamente silenciosa até que os pacientes atinjam o estágio avançado, portanto, muitas pessoas com a doença em estágio inicial não sabem que a têm”.
E a nefrologista diz ainda:
“Sendo esse marcador percebido de forma precoce e, claro, identificando esse maior teor de cistatina C, é importante que o paciente mude seus hábitos, seguindo uma dieta hipocalórica, com menos calorias do que o corpo gasta, para conseguir emagrecer, aliado também ao exercício físico para acelerar a queima dessa gordura, para evitar a doença renal e suas complicações”.
E ela conclui com o seguinte recado:
“Quando esta doença não é controlada, o paciente precisará, assim, iniciar um programa de substituição da função renal, como a diálise, que é um tratamento custoso tanto emocional quanto financeiramente”.
Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e da médica: Dra.Caroline Reigada/Nefrologista
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