A emoção mexe com o prato
As emoções podem influenciar nas escolhas dos alimentos nas refeições
Por: Equipe Marcio Atalla
Bateu aquela fome e você vai pra cozinha preparar seu prato ou se está na rua busca um restaurante ou lanchonete. Mas o que você vai comer? O que você leva em conta na hora de escolher os alimentos que vão fazer parte da sua refeição?
O que nem todo mundo se dá conta é que nem sempre a escolha dos ingredientes da dieta segue um critério racional. Muitas vezes são as emoções que determinam quais os alimentos vão fazer parte do café da manhã, almoço, lanche ou jantar, tanto para as boas, quanto para as más escolhas.
Nesta matéria, apresentamos as principais emoções que podem influenciar a sua alimentação. Saiba quais são, a seguir.
Alegria, tristeza e raiva
Uma das emoções que podem afetar o cardápio das pessoas é a alegria.
‘’Quando as pessoas estão felizes, podem sentir-se mais motivadas a fazer escolhas alimentares saudáveis e a seguir hábitos alimentares equilibrados. Por outro lado, a alegria também pode levar a um aumento no consumo de alimentos em situações de celebração, como festas ou jantares comemorativos, momentos em que alimentos mais calóricos e menos saudáveis”, afirma a nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Existem vários alimentos que podem promover o bom humor e o bem-estar, pelo efeito do aminoácido triptofano sobre o cérebro e o corpo. Entre estes estão:
.Atum
.Salmão
.Sardinha
.Grãos integrais
.Nozes
.Sementes oleaginosas
.Chocolate amargo
.Frutas
.Vegetais
.Leguminosas
.Ovos
Já o oposto da alegria, a tristeza, também pode afetar o comportamento alimentar.
“Uma dieta pobre em nutrientes essenciais pode afetar negativamente o estado mental, contribuindo para sentimentos de tristeza ou depressão. Além disso, restrições dietéticas severas ou dietas desequilibradas podem causar estresse adicional, o que pode exacerbar sentimentos de tristeza”, informa a nutróloga.
Existem alimentos muito calóricos que são ricos em açúcar, gordura e calorias, que podem acabar influenciando no sentimento de tristeza, como:
.Doces
.Chocolate
.Sorvetes
.Bolos
.Biscoitos
.Frituras
.Salgadinhos
.Pães brancos
.Massa
.Batatas fritas
‘’O consumo excessivo de açúcar pode levar a flutuações nos níveis de açúcar no sangue, o que pode afetar negativamente o humor e a energia”, alerta a médica.
E até mesmo a raiva pode mexer com as escolhas das refeições.
“Em momentos de raiva intensa, algumas pessoas recorrem à comida como uma forma de conforto emocional ou distração. Isso pode levar a escolhas alimentares impulsivas, como consumir alimentos ricos em calorias, açúcar ou gordura, que proporcionam uma sensação temporária de prazer. A raiva pode afetar o apetite, resultando em um aumento ou diminuição na ingestão de alimentos, dependendo da resposta individual ao estresse emocional. A raiva pode afetar a função digestiva, causando desconforto abdominal, indigestão ou outras alterações gastrointestinais que podem influenciar o comportamento alimentar”, diz a dra.Marcella.
E prossegue a especialista:
“Por outro lado, se uma pessoa está com fome ou não se alimentou adequadamente, isso pode levar à irritabilidade e ao aumento da propensão à raiva. Manter níveis estáveis de glicose no sangue através de uma dieta equilibrada pode ajudar a regular o humor”.
Para controlar a raiva é bom diminuir ou evitar o consumo de:
.Cafeína
.Açúcar refinado
.Alimentos processados
Já para manter o equilíbrio e calma, consuma alimentos como:
.Maracujá
.Vegetais de folhas verde-escuras
.Chá de camomila
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Nojo, medo e ansiedade
Outro sentimento que pode influir nas escolhas é a aversão a certos alimentos, um sentimento popularmente conhecido como nojo, que pode ter motivos:
.Sensoriais
.Emocionais
.Psicológicos,
“Pessoas com aversão alimentar podem evitar certos alimentos, mesmo que sejam nutritivos, devido à sensação de repulsa ou desconforto que esses alimentos causam. Isso pode desempenhar um papel importante para um comportamento alimentar restritivo”, comenta a especialista.
As pessoas devem procurar substituir alimentos nesta categoria, por outros que sejam mais aceitos pelo paladar individual, mas que também sejam nutritivos. Mas caso o nojo comece a prejudicar a dieta é bom consultar um médico nutrólogo, nutricionista, psicólogo e/ou terapeuta.
Outra emoção muito comum aos seres-humanos e que também age sobre as escolhas alimentares é o medo.
“Em situações de medo, seja de ganhar peso, de desenvolver uma doença relacionada à alimentação, ou de experimentar sintomas físicos adversos, algumas pessoas podem restringir conscientemente sua ingestão de alimentos. Isso pode levar a dietas muito restritivas, com a eliminação de grupos alimentares inteiros ou com a redução excessiva na quantidade de comida consumida. Por outro lado, o medo pode desencadear episódios de compulsão alimentar, especialmente em pessoas que utilizam a comida como uma forma de lidar com o estresse emocional”, aponta a dra. Marcella Garcez.
E o medo de engordar pode levar a transtornos alimentares bem conhecidos, como:
.Bulimia
.Anorexia
Uma outra emoção, muito comum nos dias atuais, e que afeta a dieta, é a ansiedade.
“A ansiedade pode desencadear episódios de compulsão alimentar, em que o paciente consome grandes quantidades de alimentos em um curto período, muitas vezes sem controle consciente sobre a ingestão. Isso pode ser uma forma de tentar aliviar temporariamente os sintomas de ansiedade, usando a comida como uma forma de conforto ou distração. Em resposta à ansiedade, algumas pessoas podem mudar suas escolhas alimentares, optando por alimentos reconfortantes, ricos em açúcar ou gordura, que proporcionam uma sensação momentânea de alívio ou prazer. A ansiedade também pode levar à restrição severa na ingestão de alimentos, especialmente quando há preocupações com o peso e a imagem corporal”, indica a nutróloga.
Entre os alimentos que mais fazem subir os níveis de ansiedade, estão:
.Café, chá, chocolate, refrigerantes (cafeína)
.Salgadinhos, molhos e alimentos prontos (glutamato monossódico )
Já para combater a ansiedade são recomendados:
.Chás de ervas
.Alimentos ricos em triptofano
.Alimentos ricos em magnésio
.Alimentos fermentados
.Chocolate amargo
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Inveja, tédio, vergonha
Uma emoção, que quase ninguém admite ter, também pode agir sobre o desejo de comer: a inveja.
“Isso acontece especialmente quando consideramos aspectos psicológicos e emocionais, pois pode levar à comparação com os outros, especialmente em relação a aspectos como o corpo e a aparência física. Isso pode resultar em sentimentos de insatisfação pessoal e pressão para modificar a alimentação para alcançar um ideal percebido de beleza ou saúde”, explica a médica.
Outro sentimento que tem relação com o que se ingere é o tédio.
“Quando entediadas, muitas pessoas buscam alimentos como uma forma rápida de entretenimento ou prazer. Isso pode levar a escolhas alimentares impulsivas e menos saudáveis, como lanches ricos em açúcar, gordura ou calorias vazias. O tédio pode desencadear comportamentos alimentares onde a comida é usada como uma distração para preencher o vazio emocional. Pode levar também a padrões irregulares de alimentação, como pular refeições ou comer sem atenção, o que pode afetar negativamente a regulação do apetite e a escolha de alimentos saudáveis ao longo do dia”, relata a médica.
Ter vergonha do próprio corpo ou até do que se come, também pode prejudicar a dieta.
‘’Sentimentos de vergonha relacionados à imagem corporal ou à alimentação podem levar o paciente a evitar de certos alimentos, refeições sociais ou situações que envolvam comida, o que pode interferir na qualidade de vida e na saúde nutricional. A vergonha pode levar a uma imagem negativa de si mesmo e à adoção de comportamentos alimentares que não são sustentáveis ou saudáveis a longo prazo”, aponta a nutróloga.
É importante reconhecer que as emoções podem influenciar os padrões alimentares e quando houver algum desequilíbrio, buscar:
.Apoio emocional
.Realizar técnicas de gestão de estresse
.Orientação médica
‘’Descarregar as emoções em alimentos pode tornar o padrão alimentar mais pobre, com baixa oferta de nutrientes e alto consumo de alimentos ricos em açúcar simples e gordura. Há uma relação mútua entre saúde mental e escolhas alimentares saudáveis. Cada vez mais estudos mostram isso”, finaliza a médica.
Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e da médica: Dra. Marcella Garcez/Nutróloga
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