Dieta que restringe carboidratos é opção eficiente no tratamento da diabetes tipo 2, aponta estudo
Estudo avaliou durante 5 anos pacientes portadores de diabetes tipo 2
Por: Equipe Marcio Atalla
É natural relacionar dieta cetogênica com emagrecimento. Porém, evidências provenientes de ensaios clínicos mostram que as dietas com baixo teor de carboidratos – como a cetogênica – trazem benefícios relevantes a portadores de diabetes tipo 2. É o caso do Indiana Type 2 Diabetes Reversal, supervisionado por médicos da Indiana University Health Arnett, nos Estados Unidos, que analisa 465 pacientes e se tornou o maior e mais longo estudo do gênero.
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“É muito importante a constante busca por mecanismos que tratem esse tipo de diabetes, que corresponde a 90% dos casos e pode culminar em complicações graves no coração e no cérebro, afirma a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). O estudo foi publicado primeiramente em 2015, mas continua a receber atualizações à medida que o acompanhamento continua sendo feito. A Dra Sara Halberg, quem conduz a pesquisa, apresentou resultados do estudo no World Congress on InsulinResistance, Diabetes, and Cardiovascular Disease (WCIRD 2019) em dezembro do ano passado.
Dos 465 pacientes estudados, 387 estão há dois anos sob dieta pautada na cetose nutricional (menos de 50 g de carboidratos por dia, ou o equivalente a menos de 10% das calorias diárias) e 87 estão sob cuidados habituais pelo mesmo período. O ensaio incluiu pacientes em uso de insulina que haviam sido diagnosticados com diabetes há, em média, oito anos. Com base nesses dois anos de dados coletados, a taxa de retenção foi de 83% em um ano e 74% em dois anos. No total, 91% dos participantes que tomavam insulina reduziram ou eliminaram o uso do medicamento, e a perda de peso média foi de 10% do peso. Os resultados parciais mostram que houve melhora dos níveis de HbA1c (Hemoglobina Glicada) inclusive em pacientes que tinham diabetes há mais de oito anos, ao mesmo tempo em que a dieta permitiu a diminuição no uso de medicamentos, inclusive de insulina. “Isso é muito bom, pois reduz os custos e traz uma opção muito menos agressiva de tratamento ao paciente. Os estudos devem ser aprofundados, pois, caso seja comprovada a efetividade da cetogênese, esta deve se tornar a primeira linha de tratamento”, destaca.
Até mesmo pacientes que não atingiram a reversão do diabetes tiveram algum benefício: 45% suspendeu o uso de medicamentos para o diabetes, 81% reduziu ou suspendeu o uso de insulina, houve uma redução média de 27% nos níveis de triglicerídeos e redução significativa na pontuação de risco em 10 anos para doença cardiovascular aterosclerótica. “Os resultados são muito animadores, mas devemos ficar atentos: o Brasil é o quarto país com o maior número de diabéticos no mundo. Além disso, trata-se de uma doença silenciosa, ou seja, na maioria dos casos, os sintomas aparecem somente quando a enfermidade já está em estágio muito avançado. Por isso, é fundamental checar o nível de glicose no corpo com frequência. A diabetes tipo 2 está fortemente ligada ao estilo de vida, portanto, evite o sedentarismo, os maus hábitos alimentares e o sobrepeso. O ideal é manter atividade física com acompanhamento profissional, além de seguir um plano alimentar bem definido por um especialista da área de nutrologia”, finaliza.
FONTE: DRA. MARCELLA GARCEZ