Aumento da ansiedade na pandemia leva a transtornos alimentares e de imagem
Além das milhões de mortes no mundo e outras milhões de pessoas infectadas, muitas delas sobrevivendo mas ficando com sequelas, a pandemia da Covid-19 trouxe ainda outros problemas. Uma pesquisa publicada na revista científica Personality and Individual Differences revela que houve um aumento do nível de ansiedade e estresse na pandemia, provocando uma grande incidência de casos de transtornos alimentares e de imagem entre mulheres e homens.
O estudo foi feito com cerca de 506 adultos de países do Reino Unido, com idade média de 34 anos e demonstrou que a Covid-19 deixou a população do globo mais ansiosa e estressada, provocando distúrbios de imagem, que basicamente seria a não aceitação do próprio corpo, com o indivíduo entrando numa busca desenfreada por um modelo idealizado de ‘’ser magro’’.
Este tipo de transtorno de imagem resulta quase sempre em doenças relacionadas à transtornos alimentares, como:
.Bulimia
.Anorexia
A médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN),comentou o resultado do estudo feito nos países britânicos:
“Entre as mulheres, o estudo descobriu que os sentimentos de ansiedade e estresse causados pelo Covid-19 estavam associados a um maior desejo por magreza. Ele também descobriu que a ansiedade estava significativamente associada à insatisfação corporal. Entre os participantes do sexo masculino, o estudo constatou que a ansiedade e o estresse do período estavam associados a um maior desejo de musculatura, sendo a ansiedade também associada à insatisfação com a gordura corporal”.
E acrescentou, “a imagem corporal negativa é uma das principais causas de transtornos alimentares, como anorexia e bulimia, e este novo estudo se soma a pesquisas recentes que indicam que medos em torno da Covid-19 e as consequências das restrições introduzidas para ajudar a combatê-la podem estar contribuindo a uma série de problemas graves de saúde mental”.
E até a internet e as mídias sociais podem funcionar para este aumento dos casos de ansiedade:
“Além disso, como estamos conectados a todo momento, há uma influência indireta para um risco acentuado de desenvolver também distúrbios de imagem, como a dismorfia (distorção da imagem acompanhada de preocupação exagerada), que, segundo estudos, nos últimos anos já vem crescendo em virtude do uso do Instagram. Durante o período inicial de quarentena, nosso tempo de tela no celular aumentou, o que significa que estávamos mais propensos a ser expostos a ideais atléticos ou magros através da mídia, enquanto a diminuição da atividade física pode ter aumentado os pensamentos negativos sobre peso ou forma”, afirma o cirurgião plástico Mário Farinazzo, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Os transtornos alimentares mais comuns são a bulimia e a anorexia nervosas, que geralmente começam com crises de ansiedade e uma obsessão por ser magro a qualquer custo, acompanhada de uma baixa na autoestima, modificando radicalmente a rotina alimentar de quem está sendo afetado pelos distúrbios
“No caso da bulimia nervosa, a pessoa tem episódios de compulsões alimentares, seguidas de métodos compensatórios inadequados como vômitos induzidos, uso de laxantes ou diuréticos e prática de exercícios em excesso, para evitar o ganho de peso. Os portadores de anorexia nervosa se caracterizam pela recusa em manter um peso mínimo esperado para a idade e a altura através da restrição do comportamento alimentar, pelo temor excessivo em ganhar peso, e pela distorção da percepção da imagem corporal. Outro transtorno alimentar muito frequente nos dias atuais é a compulsão alimentar periódica, no qual as pessoas apresentam episódios de compulsão alimentar, porém diferentemente da bulimia, não utilizam métodos purgativos para eliminar os alimentos ingeridos, sem grande preocupação com o peso e a forma corporal”, afirma a dra. Marcella
Ela faz ainda um alerta:
“Essas são patologias que necessitam atendimento médico, com acompanhamento multidisciplinar. Se a pessoa identificar que não consegue se controlar e que os episódios estão muito frequentes, deve procurar atendimento, mesmo que seja à distância’’.
O mundo ultraconectado de smartphones,4G,5G,interconexão de internet em vários aparelhos eletrônicos parece estar criando uma nova anomalia de imagem conhecida como ‘’Dismorfia Instagram’’. O grande alvo desse distúrbio são os adolescentes e jovens.
“A adolescência é uma fase na qual a autoestima ainda depende muito de uma boa aparência, logo, aparecer bem nas selfies torna-se quase que uma obrigação’’, comenta o cirurgião plástico Mário Farinazzo.
E acrescenta que “entre os jovens, as queixas mais frequentes são: o formato do nariz, orelhas de abano e o tamanho dos seios, no caso das meninas.”
E como a pandemia provocou o afastamento social durante quase 2 anos, fazendo com que principalmente jovens e adolescentes ficassem mais tempo conectados à internet, isso pode ter agravado o problema dos transtornos alimentares.
Para o dr. Mário, até o hábito de fazer selfies tem também relação com a autopercepção estética das pessoas:
‘’O fato de se ter uma câmera nas mãos a todo o momento é um convite para o autorretrato de todos os ângulos e em todas as situações. Isso gera frustração, pois sempre existe um ângulo que desagrada, principalmente porque se compara com fotos de outras pessoas nas redes sociais ignorando o fato de que muitas delas são superproduzidas e manipuladas digitalmente.E os jovens são mais afetados por este fenômeno”.
Segundo os especialistas ,isso pode gerar ainda um sentimento de culpa que pode potencializar a ansiedade aumentando ainda mais os transtornos alimentares e de imagem durante a pandemia. A dra. Marcella recomenda:
“O mais importante é buscar um auxílio médico, que oferecerá uma ajuda baseada no contexto do paciente”.
Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e dos médicos:
Dr.Mário Farinazzo/Cirurgião Plástico
Dra.Marcella Garcez/Nutróloga
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