Nutrição

Estresse faz mal ao intestino

Estudo mostra que o estresse crônico prejudica a saúde gastrointestinal

O estresse é uma reação natural do organismo ao excesso de preocupações e tensões da vida moderna. Mas o estresse descontrolado pode desencadear várias doenças como:

.Ansiedade

.Síndrome do Pânico

.Depressão

.Pressão alta

.Aumento da glicemia

.Problemas cardíacos

.Fadiga crônica

E um novo estudo científico revelou que pessoas muito estressadas podem sofrer também com problemas intestinais, como a Síndrome do Intestino Irritável (SII).

Para saber mais sobre este risco e como evitar, leia este texto até o final.

 

O que é a SII

A chamada Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um surto gastrointestinal que impede o consumo de vários alimentos, mas tem relação também com o estresse crônico, que começa por afetar a saúde mental e termina atacando o intestino.

Entre os principais sintomas da SII estão:

.Dores abdominais

.Distensão abdominal

.Desconforto

.Diarreia

.Prisão de ventre

“Nesse distúrbio na motilidade intestinal , diversos alimentos que podem ser de difícil digestão para algumas pessoas, funcionam como gatilhos, principalmente os apontados como FODMAPs (Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides and Polyols), uma sigla para designar carboidratos osmóticos, as o estresse mental também tem relação”, esclarece a endocrinologista Deborah Beranger, com pós-graduações  em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ) e em Terapia Intensiva pela Faculdade Redentor/AMIB. 

Veja também:

https://marcioatalla.com.br/nutricao/a-doenca-que-viralizou-no-bbb/

 

O que diz o estudo

Uma nova pesquisa científica  publicada na conceituada revista Nature ((https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1550413123004771?via%3Dihub)) aponta como o estresse mental pode ser  desencadeador de problemas no intestino, ao liberar agentes bioquímicos que afetam o microbioma intestinal.

 “O estresse é um gatilho importante, sua incidência tem aumentado muito atualmente e doenças psiquiátricas como depressão e ansiedade também são relacionadas à síndrome. A explicação do estudo é que o estresse crônico ocorrido durante semanas reduz os níveis de células que protegem o intestino contra patógenos. Isso ocorre porque o metabolismo das células-tronco intestinais que normalmente se transformam nessas células protetoras estava com defeito”, afirma a dra. Deborah.

 O estudo foi feito com ratos que foram expostos ao estresse crônico, possibilitando aos pesquisadores avaliarem quais os danos que este cenário causava ao microbioma.

 “A ativação do sistema nervoso simpático, responsável pela resposta de ‘luta ou fuga’ do corpo e frequentemente desencadeada pelo estresse mental, pode remodelar o microbioma. Algumas bactérias do gênero Lactobacillus, que ocorrem naturalmente no intestino e proliferam sob condições estressantes, produzem uma substância química chamada indol-3-acetato (IAA). Os investigadores descobriram que um nível elevado de IAA, desencadeado pelo estresse, impedia que as células-tronco intestinais do rato se tornassem células protetoras”, acrescenta a endocrinologista.

Em princípio, os estudos em camundongos indicam evidências que reações semelhantes podem ocorrer com os humanos. Os pesquisadores descobriram níveis altos de bactérias Lactobacillus e IAA nas fezes de pessoas com depressão, em comparação com pessoas que não apresentam quadros depressivos.

 “Quando sofremos de estresse, nosso microbioma intestinal também sofre de estresse”, fala a médica.

O estudo também mostrou os ratos que receberam o suplemento α-cetoglutarato (que é usado por alguns atletas de fisiculturismo), tiveram melhoria no metabolismo dos intestinos. Mas o resultado ainda é visto com cautela. 

‘’São necessários mais trabalhos para compreender os efeitos a longo prazo do suplemento e se ele reduz os sintomas de disfunção intestinal. Esse estudo é uma nova peça no quebra-cabeça, mas ainda não sabemos quantas peças existem para elucidar completamente essa relação e entender como os medicamentos podem agir efetivamente”, complementa a especialista.

Leia ainda:

https://marcioatalla.com.br/vida-e-saude/a-pele-e-o-espelho-do-intestino/

 

A importância da dieta

Mas além de controlar o estresse, a dieta também é um ponto importante a ser levado em conta para prevenir a Síndrome do Intestino Irritável, evitando ou cortando alimentos ultraprocessados e pró-inflamatórios.

 “Esses pacientes devem buscar uma dieta de baixa FODMAP. E, portanto, devem evitar alimentos ricos em FODMAPs’’, indica a nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

 Entre os alimentos que devem ser evitados estão:

.Maçã

.Pera

.Manga

.Melancia

.Pêssego

.Caqui

.Ameixa

.Cereja

.Lichia

.Sucos de frutas

.Cebola

.Alho

.Alho-poró

.Chicória

.Alcachofra

.Aspargos

.Couve-flor

.Cogumelos

.Beterraba

.Cenoura

.Quiabo

.Couve

.Feijão

.Lentilhas

.Grão-de-bico

.Ervilha

.Soja

.Farinha e massas

.Centeio

.Cuscuz

.Mel

.Xarope de milho

.Leite de vaca, de cabra e de ovelha

.Iogurte

.Creme de leite e nata

.Queijo cottage

.Ricota

‘’Os alimentos ricos em FODMAPs são carboidratos fermentáveis não digeridos pelo trato digestivo humano, entre os principais estão os oligossacarídeos, fruto-oligossacarídeos (FOS) e galacto-oligossacarídeos (GOS), dissacarídeos como a lactose e monossacarídeos como a frutose. No grupo dos polióis estão principalmente o sorbitol e o manitol’’, aponta a nutróloga.

E finaliza a dra. Marcella:

 “A dieta de baixo FODMAP é prescrita temporariamente, até que os alimentos gatilhos sejam identificados, pois como o aporte de prebióticos da dieta é baixo, se for mantida por muito tempo pode levar a quadros de constipação e disbiose. Por ser uma dieta que oferece riscos, deve obrigatoriamente ter orientação profissional. Os tratamentos com probióticos suplementares específicos e individualizados também podem ajudar. Se os sintomas forem muito prevalentes, esse paciente deve procurar atendimento médico, para descartar outras patologias, identificar os gatilhos, reorganizar a dieta e o estilo de vida”.

 

Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e das médicas:

Dra. Deborah Beranger/ Endocrinologista

Dra. Marcella Garcez/ Nutróloga

 

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