Produto adquirido nas farmácias precisa ser usado no tempo correto para dar resultado real sobre a contaminação
A pandemia de Covid-19 deixou o mundo em alerta. A rápida disseminação da doença fez com que seu diagnóstico se tornasse cada vez mais difícil pela falta de kits em laboratórios e hospitais, tamanha a procura por casos suspeitos.
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Na tentativa de contabilizar de forma mais real o número de diagnósticos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) permitiu a comercialização de cerca de 20 marcas de testes em farmácias e drogarias a fim de reduzir a demanda por testagens hospitalares e laboratoriais. Mas, será que esses testes realmente funcionam?
A Dra. Maura Neves, médica otorrinolaringologista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial – ABORL-CCF, explica que os testes não são iguais e é preciso respeitar o tempo de manifestação da doença para poder ter um resultado real.
Ela conta que há, basicamente, dois tipos de testes:
– PCR RT, que é o teste swab ou “do cotonete”, no qual é realizada a coleta de secreção da nasofaringe (fundo do nariz) com a passagem de haste de algodão pelas narinas para a identificação do vírus no corpo. “Ele deve ser feito na primeira semana de sintomas, idealmente após o quarto dia do início dos sinais. Antes disso, há grande chance de vir negativo. O exame também pode ser feito, no máximo, até o décimo dia de início dos sintomas, mas quanto mais tempo passar após o quarto dia, maior a chance de ter falso negativo”, conta a médica.
– Sorologia é o teste que identifica anticorpos no sangue. Dra. Maura explica que os anticorpos começam a ser produzidos e detectados no sangue após 10 dias do início dos sintomas. Dessa forma, este é um exame que não deve ser realizado no início da enfermidade ou o resultado será impreciso. “Há ainda anticorpos específicos que só vão aparecer a partir do 14º dia do início dos sintomas. Por isso é fundamental avaliar quando os sinais começaram e avisar o médico responsável sobre esse prazo para que ele possa indicar qual é o exame mais indicado para aquele paciente”, diz.
O chamado teste rápido para anticorpos é parecido com o teste de farmácia de gravidez. Nele, é preciso colocar uma gota de sangue do paciente e esperar a leitura. São testes baratos e com resultado imediato, mas que nem sempre são confiáveis.
“Cada teste tem uma limitação, ou seja, uma janela para falsos positivos ou negativos. Por isso, o resultado deve ser avaliado pelo médico. Simplesmente comprar um teste na farmácia sem saber interpretar qual é o melhor para o seu caso e não saber interpretar o resultado pode ser uma boa estratégia para gastar dinheiro à toa e até para esmorecer os cuidados com a disseminação da doença, correndo o risco de transmiti-la a familiares por descuido ou desinformação”, conclui a médica.
Créditos: Dra. Maura Neves Otorrinolaringologista
Por Michelly Souza- michelly@updatecomunicação.com.br
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