Vida e Saúde

A doença que calou Erasmo Carlos

Saiba o que é e quais os perigos da síndrome edemigênica

Um dos maiores ídolos da música brasileira, o cantor e compositor Erasmo Carlos faleceu em novembro de 2022 deixando de luto milhões de fãs no Brasil, entre eles o grande amigo e parceiro musical o cantor Roberto Carlos.

Erasmo, conhecido nacionalmente pelos apelidos de ‘’Tremendão’’ e ‘’Gigante Gentil’’, tinha sido internado com um quadro de síndrome edemigênica, que se caracteriza pelo excesso de líquidos nos tecidos. A condição evoluiu para uma paniculite, que é a inflamação do tecido gorduroso abaixo da pele e que acabou tirando a vida do artista.

Mas qual o real perigo desta doença e como se precaver? Para saber, siga lendo esta matéria.

O que é a síndrome edemigênica?

As proteínas presentes no plasma sanguíneo são responsáveis por reter a água dentro do vaso sanguíneo. A síndrome edemigênica é uma doença provocada por algum desequilíbrio no organismo, que afeta o funcionamento destes vasos, gerando um acúmulo de líquido entre os tecidos do corpo.

Estes líquidos em excesso geram edemas e provocam um conjunto de sinais e sintomas que podem ter origem em partes fundamentais do organismo, como:

.Coração

,Rim

,Fígado

.Tireóide

 

Quem nos dá maiores detalhes é a médica nefrologista Caroline Reigada, especialista em Medicina Interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em Nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP:

‘’ Quando o rim não funciona adequadamente como barreira para a perda de proteínas na urina, o corpo fica mais inchado, pois ocorre um desequilíbrio de pressões entre o vaso sanguíneo e o interstício, que é a região externa ao vaso sanguíneo. Isso faz com que o líquido extravase para fora do vaso, acumulando-se nos tecidos da pele e do subcutâneo. É o famoso edema, que pode acometer até o rosto’’.

E prossegue a médica:

‘’Já o fígado é responsável pela produção das proteínas do corpo. Lembrando que essas mesmas proteínas, quando estão no sangue, são responsáveis por ” segurar” a água dentro do vaso sanguíneo. Se o fígado está doente, por exemplo na cirrose, pode haver extravasamento de líquidos e consequente edema. E o coração é o nosso órgão de bomba, ou seja, realiza uma força ejetora para levar sangue a todo o organismo. Quando ele está fraco, como é o caso da insuficiência cardíaca, mais sangue e portanto, mais líquido, fica represado nas veias e no pulmão, o que pode levar ao edema do pulmão, a chamada  “água no pulmão”, além do edema periférico das pernas, da barriga e do fígado’’.

Outras possíveis causas destes edemas são:

.Problemas circulatórios

.Alergias

E apesar de poder afetar os rins, coração e fígado, geralmente quando a doença ocorre, se manifesta em apenas 1 órgão.

Veja também:

https://marcioatalla.com.br/vida-e-saude/8-habitos-para-introduzir-ou-adequar-a-rotina-a-fim-de-melhorar-aspecto-da-pele-e-tratar-a-celulite/

 

Quais os sintomas e riscos?

Os principais sintomas são os inchaços pelo corpo, que podem ser localizados ou generalizados, mas deve-se ficar atento porque nem todo inchaço significa necessariamente um edema.

Geralmente aos e procurar um médico, ele faz um exame clínico pressionando o local do inchaço com os dedos. Caso o tecido demore a retornar ao normal, pode ser um indício da síndrome edemigênica.

Entre os perfis de pacientes com mais riscos de desenvolver a doença, podemos destacar os que tem:

.Obesidade

.Hipertensão

.Diabetes

.Vício do fumo

.Dislipidemia

.Hepatite autoimune

.Nefrite lúpica

.Tireoidite de Hashimoto

 

E a nefrologista Caroline Reigada acrescenta:

‘’Pacientes que tenham risco de desenvolver doenças do coração, do fígado e do rim são os mais propensos a apresentar a síndrome edemigênica. A intoxicação por medicações levando a uma hepatite fulminante também pode ser a causa de uma síndrome edemigênica. O uso de anti-inflamatórios de forma exagerada é outra causa desta condição’’.

O cantor e compositor Erasmo Carlos tinha 81 anos quando foi afetado pela doença. A idade pode ser um fator de risco?

‘’A idade é um fator de risco para a síndrome edemigênica porque as doenças como insuficiência cardíaca e doença renal crônica avançada acontecem em pacientes que acumulam comorbidades, que são os mais idosos, pois acarreta na inflamação renal e, portanto, no surgimento do edema generalizado’, diz a médica.

 

E ela faz um alerta sobre o risco de morte pela síndrome:

‘’A sobrecarga de líquidos ao coração e ao pulmão, principalmente, podem ser fatais. Existem casos em que há também edema cerebral, condição grave e potencialmente fatal. O edema agudo de pulmão pode levar à insuficiência respiratória e morte. Além disso, a síndrome edemigênica, facilita a infecção dos tecidos com edema. O tecido celular subcutâneo, a gordura abaixo da pele, pode então se infectar, o que chamamos de paniculite, que pode evoluir para uma infecção generalizada’’.

Confira ainda:

https://marcioatalla.com.br/atividade-fisica/obesidade-um-mau-negocio-para-o-corpo/

Qual o tratamento indicado?

A dra. Caroline Reigada fala sobre como é o tratamento da síndrome edemigênica:

‘’O tratamento reúne o alívio do edema, que consiste usualmente na utilização de diuréticos e, principalmente, focar na causa da síndrome. Doenças imunes são tratadas com imunossupressores. A forma grave de doença renal crônica ou da lesão renal aguda podem necessitar de diálise. A insuficiência cardíaca apresenta todo um arsenal terapêutico para o seu controle. Doenças avançadas ou graves do rim, do coração e do fígado podem exigir um transplante. Devemos ter em mente que os casos importantes de edema, com falta de ar e cansaço precisam de apoio do médico na emergência hospitalar’’.

Mas ela faz ainda um alerta:

‘’ Não é adequado o paciente tomar diuréticos por conta própria, pois, além de não haver o reconhecimento da verdadeira causa do problema, existem muitos efeitos colaterais’’.

E conclui a dra. Caroline:

‘’Geralmente a síndrome edemigênica requer internação, para esclarecimento diagnóstico e início do tratamento. E o tratamento geralmente dá bons resultados quando a doença do coração, do fígado ou do rim não está muito avançada’’.

 

Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e da Dra. Caroline Reigada/Nefrologista

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