Embora as memórias não sejam cópias de carbono exatas do passado, a lembrança é considerada um processo altamente reconstrutivo.
Você ainda se lembra de experiências que viveu na infância? Ou tem dificuldade para lembrar de algo que aconteceu há poucas horas? Bom, tudo isso depende da memória. Mas afinal, o que é a memória?
Podemos definir memória como a série de processos que o cérebro humano executa para conseguir, guardar, reter e recuperar informações. É através do armazenamento destas informações de experiências vividas, vistas, ouvidas, sentidas, que as pessoas podem analisar e compreender o presente, auxiliando assim no modo de comportamento e tomada de decisões. Ela faz parte do processo cognitivo humano, sendo uma das mais sofisticadas funções neuropsíquicas do cérebro
Existem 3 processos principais da memória:
.Codificação
.Armazenamento
.Recuperação
A codificação é o processo de coletar as informações. O armazenamento trata de definir como, quando e por quanto tempo as informações adquiridas ficarão guardadas. E a recuperação que é o processo que nos permite ter lembranças.
A memória também é subdividida em 3 tipos de categorias:
.Sensorial
.Curta duração
.Longa duração
Categorias da memória
A primeira categoria é a chamada memória sensorial, que tem a função de armazenar as informações que chegam ao cérebro através dos 5 sentidos humanos:
.Tato
Quando a informação chega ao organismo através de algum destes 5 sentidos, ela é armazenada rapidamente, em questão de poucos segundos e fica à disposição do cérebro como se fosse uma ‘’memória imediata’’.
A outra categoria é a memória de curta duração, que ocorre quando o cérebro percebe que a informação a receber é muito importante e aí esta é transferida da memória sensorial para a memória de curta duração. Esta categoria tem a capacidade de acumular até 7 informações ao mesmo tempo durante 30 segundos.
A última categoria é a memória de longa duração. Nela são guardadas de forma cronológica todas as informações adquiridas por uma pessoa ao longo de sua vida. É um tipo de memória que pode durar anos.
Uma das perguntas mais comuns que as pessoas se fazem é: por que será que às vezes lembramos de um fato , mas alguns detalhes escapam à mente? Quais informações são retidas na memória com o tempo e quais partes se perdem, como se estivessem ‘’desbotando’’?
Um estudo feito por pesquisadores das Universidades de Glasgow e Birmingham, na Grã-Bretanha e publicado na Nature Communications, mostra que as memórias humanas se tornam menos vibrantes e detalhadas com o tempo e somente a essência central eventualmente é preservada. Esta pesquisa pode ajudar a responder vários procedimentos do cérebro em relação ao uso da memória, como por exemplo ao estudar para provas de alguma escola ou concursos, no depoimento de testemunhas oculares ou em transtornos causados por estresse pós-traumático.
“Embora as memórias não sejam cópias de carbono exatas do passado, a lembrança é considerada um processo altamente reconstrutivo. Os especialistas sugeriram que o conteúdo de uma memória pode mudar cada vez que a trazemos de volta à mente”, explica o médico neurologista e neuro-oncologista, Gabriel Novaes de Rezende Batistella, da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA).
No entanto, até agora se mostrou ser difícil de medir em ambientes de laboratório como exatamente nossas memórias diferem das experiências originais, e como elas são transformadas ao longo do tempo.
Nessa pesquisa, os cientistas criaram testes digitais simples para medir a rapidez com que as pessoas podem recuperar certas características das memórias visuais, quando isso é pedido. Os participantes aprenderam algumas palavras-imagem e mais tarde foram solicitados a lembrar diferentes elementos da imagem quando acompanhados de cada palavra. Num destes testes, por exemplo, os participantes tinham que indicar, o mais rápido possível, se a imagem era colorida ou em escala de cinza, ou se mostrava um objeto animado ou inanimado..
“Esses testes, sondando a qualidade das memórias visuais, aconteceram imediatamente após o aprendizado e também após um atraso de dois dias. Os padrões de tempo de reação mostraram que os participantes eram mais rápidos em lembrar elementos semânticos significativos do que os perceptuais superficiais” explica o dr. Gabriel.
O neurologista acrescenta que , “muitas teorias da memória assumem que, com o tempo, e à medida que as pessoas recontam suas histórias, elas tendem a esquecer os detalhes superficiais, mas retêm o conteúdo semântico significativo de um evento. Imagine relembrar o último jantar com seu amigo: você sabe exatamente o que comeu, se lembra da conversa com o garçom, mas não consegue se lembrar da decoração da mesa ou qual a cor da camisa que estava vestindo”.
Segundo os pesquisadores que este fenômeno de esquecer certas lembranças, está intrinsecamente ligado à chamada memória semântica, que é a parte da memória conectada aos conceitos que envolvem palavras, símbolos e significados.
Como afirma o médico Gabriel Batistella, “o padrão para a lembrança de elementos semânticos significativos demonstrados neste estudo indica que as memórias são tendenciosas para o conteúdo significativo em primeiro lugar. Queremos que nossas memórias retenham as informações que provavelmente serão úteis no futuro, quando encontrarmos situações semelhantes”.
Os estudiosos descobriram ainda que existe uma espécie de ‘preconceito’ em relação ao conteúdo da memória semântica, que se torna mais forte com o passar do tempo e com as lembranças recorrentes. Nos testes realizados durante a pesquisa ,quando os participantes voltaram ao laboratório 2 dias depois, eles demoraram um tempo maior para a responder às perguntas que englobavam percepção e detalhamento, mas mostraram uma memória mais preservada para o conteúdo semântico das imagens. No entanto, a mudança de memórias ricas em detalhes para memórias mais baseadas em conceitos foi muito menos forte num grupo de indivíduos que precisou visualizar as imagens repetidamente, em vez de terem de trazê-las de volta à mente.
O estudo pode ajudar a descobrir a natureza das memórias que implicam em processos de saúde ou doença, como diz o dr. Gabriel:
“Ele fornece uma ferramenta para estudar mudanças desadaptativas, por exemplo, no transtorno de estresse pós-traumático, em que os pacientes frequentemente sofrem de memórias intrusivas e traumáticas e tendem a generalizar excessivamente essas experiências para novas situações. As descobertas também são altamente relevantes para a compreensão de como as memórias de testemunhas oculares podem ser influenciadas por entrevistas frequentes e por relembrar repetidamente o mesmo evento”.
E finaliza, o médico:
“As descobertas também demonstram que testar a si mesmo antes de um exame ,por exemplo, usando flashcards, fará com que a informação significativa permaneça por mais tempo, especialmente quando seguida por períodos de descanso e sono”.
Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e do médico:
Dr.Gabriel Novaes de Rezende Batistella/ Neurologista e Neuro-oncologista
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