Antes de diagnosticar se alguém está sofrendo com algum problema psicológico, é preciso definir primeiro o que é saúde mental.
Mãe, esposa, empreendedora, líder de família, tudo isso junto…não importa a condição, o fato é que ainda neste século XXI a mulher segue enfrentando problemas como dupla jornada e excesso de responsabilidades com trabalho, casa e família, que acabam muitas vezes cobrando seu preço numa área extremamente delicada: a saúde mental.
Uma pesquisa feita na Grã-Bretanha pela Mental Health Foundation revela que uma em cada cinco mulheres britânicas na faixa entre 16 e 25 anos já manifestou algum tipo de problema de saúde mental.
Aqui no Brasil, um outro estudo organizado pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP e divulgado há 2 anos, já tinha apontado que durante a pandemia da Covid-19, o público feminino foi o mais afetado psicologicamente, apresentando:
. 40,5% de sintomas de depressão
. 34,9% de ansiedade
. 37,3% de estresse
Antes de diagnosticar se alguém está sofrendo com algum problema psicológico, é preciso definir primeiro o que é saúde mental.
Quem nos esclarece é a psiquiatra Maria Francisca Mauro, Mestre em Psiquiatria pelo PROPSAM/IPUB/UFRJ e integrante da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP):
‘’A definição de saúde mental é a pessoa ser capaz de se comportar de uma forma coerente com os seus valores. Isto proporciona uma localização dentro da história de vida dessas pessoas, que a faz se sentir menos deslocada nos impasses do dia a dia’’.
E como avaliar se alguém está saudável mentalmente? Mais uma vez com a palavra a dra. Maria Francisca Mauro:
‘’A primeira avaliação deve ser da própria pessoa, pois se ela se sente pertencente ao seu meio, ao seu trabalho, às suas relações pessoais e amorosas, isto a tranquiliza para enfrentar seus desafios. Porém, quando o externo passa a perceber que aquela pessoa está diferente do que é a sua própria trajetória de vida, ou alguém que dá indícios que saltam aos olhos de descompasso, isto precisa ser cuidado. Não com estigmas ou com termos como “aquela pessoa é bipolar”. É importante termos tolerância com nós mesmos e também com as pessoas ao nosso redor’’.
E prossegue a psiquiatra:
‘Precisamos definir que quadros de doenças emocionais que conferem os diagnósticos psiquiátricos, são mais comuns: a depressão, a ansiedade e o estresse não configuram um diagnóstico psiquiátrico, mas sim um nível de sofrimento emocional para aquela pessoa estar reagindo ao meio. Porém, sem dúvidas, um estresse maior, maior sensação de cansaço, pressão e nível de tensão, facilitam a abertura de quadros psiquiátricos’’.
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Para a dra. Maria Francisca, a principal causa de distúrbios na saúde mental das mulheres, se deve ao acúmulo de funções na realização de várias tarefas simultâneas, além das cobranças impostas por padrões de beleza e pela busca do ‘’corpo perfeito’’:
“Muitas se dividem entre trabalho e as obrigações com a casa e os filhos, por isso o esgotamento físico e mental é tão evidente. No mais, as mulheres são mais afetadas por problemas psicológicos em relação aos homens. Também são mais suscetíveis a desenvolver doenças biológicas, se comparadas a eles. Esses, por sua vez, conseguem expressar melhor seus sentimentos por meio de comportamento disruptivo ou antissocial”, afirma.
A pesquisa feita no reino Unido revela um alto índice de doenças mentais na faixa entre 16 a 25 anos. Por que mulheres tão jovens vem apresentando este problema?
‘’É importante termos em mente que, a faixa etária do final da adolescência e início da vida adulta, é uma faixa etária que pode, devido às mudanças hormonais, ao próprio enquadramento na sociedade, como por exemplo sair da escola e ir para uma faculdade, ou mesmo entrar no mercado de trabalho, propiciar uma maior pressão externa e mesmo de localização na própria vida. Para pessoas que possuem maiores dificuldades interpessoais, em seus relacionamentos, na própria sociedade e também de manejar pressões de trabalho e de cobrança, é mais propícia a abertura de quadros psiquiátricos’’, diz a médica,
E o mundo de hoje ,de interconexão pela internet e redes sociais onde todo mundo quer expor ‘’felicidade’’ pode estar gerando um autocobrança em excesso pelo sucesso, para estas novas gerações?
‘’Sem dúvidas, a questão das redes sociais, e sobre isto já existem muitos dados de literatura científica, promove o maior adoecimento mental em pessoas que passam a orientar suas vidas a partir do que assistem e consomem. O consumo daqueles conteúdos e daquelas interações, de acordo com o que se tem ali, faz com que a pessoa sempre se sinta insuficiente, reforçando padrões de insegurança e, para pessoas mais frágeis, pode provocar adoecimento, desde quadros de depressão até quadros de transtorno emocional e toda a sorte de sofrimento emocional’’,afirma a psiquiatra.
Como pais, mães, parentes ou parceiros amorosos destas mulheres podem perceber estes quadros? Quais os sintomas?
A principal forma das pessoas que estão ao redor perceberem que aquela mulher não está bem e que mudou o seu comportamento, é analisar se aquela pessoa ficou mais calada, com menos vontade de fazer as coisas que fazia antes ou mudou sua natureza, seu temperamento, que antes era social e passou a ficar caseira demais, irritada, brava e tendo rompantes. Ou seja, a pessoa vai dando indícios de que está precisando de cuidado emocional, ou passa a consumir, compulsivamente, álcool, cigarro e outras substâncias. Passa a ter alterações de peso, para mais ou para menos, de forma significativa, como pessoas que ganham 10kg em 2 meses, ou seja, padrões de aumento ou de diminuição de peso podem mostrar que aquela pessoa está com dificuldades com necessidades básicas como alimentação. Ou também aquela pessoa que está sempre cansada e com olhar vago’’,explica.
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A médica psiquiatra Maria Francisca dá dicas para as mulheres se manterem saudáveis mentalmente:
.Não guarde sentimentos: fale sempre como se sente e deixe sair emoções ruins
.Faça atividade física com frequência
.Mantenha uma alimentação balanceada
.Evite bebidas alcoólicas
.Tenha diálogo com parentes e amigos
.Peça ajuda quando se sentir sozinha
.Tenha momentos de descanso das tarefas do dia a dia
.Busque fazer coisas prazerosas
.Faça algo que te agrade
.Ofereça ajuda aos outros
.Aprenda a se amar!
Além destas dicas, algum tipo de terapia é recomendada?
‘’Sem dúvida, pois se a pessoa está num sofrimento emocional em que ela não consegue retornar ao seu normal ou não está conseguindo ultrapassar aquela dificuldade, um passo necessário é buscar ajuda profissional. Quem delimita se aquele sofrimento é um quadro de adoecimento e o psiquiatra. O psicólogo ajuda, através de terapia, a manejar dificuldades emocionais. Portanto, o primeiro passo é buscar ajuda de um psiquiatra’’, conclui a dra. Maria Francisca.
Contamos com a colaboração da DATZ Comunicação e da médica:
Dra.Maria Francisca Mauro/Psiquiatra
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