Uso excessivo deste medicamento pode piorar a enxaqueca
A dor de cabeça é uma das doenças que mais atacam e incomodam os brasileiros. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC) aproximadamente 140 milhões de pessoas no país sofrem com as dores de cabeça. Por isso, a data de 19 de maio no Brasil é consagrada como o Dia Nacional de Combate à Cefaleia.
E quando esta enfermidade ocorre, o mais comum é apelar para algum tipo de analgésico. Mas agora um estudo científico traz um alerta: o uso excessivo de analgésicos, em vez de resolver, pode acabar piorando o problema.
Para saber mais e não ter dor de cabeça com isso, leia essa reportagem até o final.
A pesquisa científica foi publicada no Journal of Headache and Pain ((https://thejournalofheadacheandpain.biomedcentral.com/articles/10.1186/s10194-025-01988-3)) e revelou que o uso de analgésicos de forma descontrolada pode, além de piorar as crises de enxaqueca, afetar também o funcionamento de áreas importantes do cérebro como aquelas ligadas à:
.Memória
.Regulação emocional
.Identificação visual
O estudo foi feito com 63 mulheres que foram divididas em 3 grupos de pacientes:
.Com enxaqueca crônica
.Com enxaqueca crônica associada a cefaleia por uso excessivo de medicamentos
.Um grupo de controle saudável
As participantes tiveram que responder questionários com perguntas sobre casos de enxaqueca e com que frequência faziam uso dos analgésicos.
Todas também se submeteram à exames de ressonância magnética para detectar possíveis alterações:
.No volume da massa cinzenta
.Na atividade cerebral
Os pesquisadores puderam então observar que a utilização excessiva de medicamentos analgésicos acarretou numa diminuição no volume da massa cinzenta em duas regiões do cérebro, sendo:
.Giro para-hipocampal esquerdo
.Giro occipital médio direito
“O giro para-hipocampal esquerdo é uma região do cérebro relacionada à memória e à regulação emocional, enquanto o giro occipital médio direito está envolvido no procedimento e atenção visual. Os pesquisadores também identificaram uma diminuição da amplitude fracionada da flutuação de baixa frequência (fALFF) no putâmen (estrutura redonda localizada na base da parte frontal do cérebro) direito“, afirma o neurologista Tiago de Paula, especialista em cefaleia, integrante da International Headache Society (IHS) e da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC).
E prossegue o médico:
‘’A fALFF é uma medida da atividade cerebral espontânea. Segundo os pesquisadores, a diminuição desses valores no putâmen direito, estrutura cerebral envolvida no controle motor e aprendizagem, está relacionada com uma maior frequência de uso de analgésicos”.
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As crises de enxaqueca são extremamente incômodas chegando até a ser uma das maiores causas de falta ao trabalho, além de impedir o lazer e até umaboa noite de sono.
Por isso, a maioria das pessoas recorre ao uso de analgésicos. O problema é que quando os casos de enxaqueca são diários, o uso prolongado e em excesso deste tipo de medicamento, por acabar agravando a enxaqueca.
“Esses medicamentos não tratam a doença de forma efetiva e, quanto mais remédios você toma, menos eles funcionam e mais dor você sente. É um quadro conhecido como cefaleia por uso excessivo de medicamentos”, aponta o dr. Tiago de Paula.
E acrescenta o especialista:
“Além disso, a pesquisa também fornece evidências sobre os mecanismos envolvidos na cefaleia por uso excessivo de medicamentos, sugerindo que disfunções no putâmen direito podem contribuir com as crises e com a dependência de analgésicos. Isso também indica que o funcionamento do putâmen pode servir como um biomarcador no diagnóstico e tratamento desse tipo de cefaleia”.
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Além de piorar as crises e mexer até mesmo com o funcionamento cerebral, analgésicos em demasia podem ainda afetar outros tipos de tratamentos contra a enxaqueca, como os que utilizam:
.Toxina botulínica
.Medicamentos monoclonais Anti-CGRP
‘’A toxina botulínica, quando aplicada em pontos nervosos específicos, reduz a sensibilidade do cérebro à dor, ajudando no controle da doença enxaqueca. Já os medicamentos anti-CGRPs bloqueiam o efeito do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), que contribui para a inflamação e transmissão de dor e está presente em maiores níveis em pacientes com enxaqueca”, fala o neurologista.
Mas calma, quem sofre com a enxaqueca pode sim usar analgésicos, desde que isso não seja feito em excesso. O mais recomendável é usar este tipo de remédio no máximo duas vezes por semana.
Também é importante cortar vícios, como:
.Álcool
.Fumo
E o combate adequado à enxaqueca passa ainda pela adoção de um estilo de vida mais saudável, incluindo:
.Dieta equilibrada
.Prática de exercícios físicos aeróbicos
E não se esqueça de sempre procurar uma orientação profissional antes de usar qualquer tipo de medicamento.
“A avaliação médica individual é essencial”, conclui o neurologista Tiago de Paula.
Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e do médico: Dr. Tiago de Paula/ Neurologista
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