Em poucos dias a rotina de muitas pessoas passou por grandes transformações. Uma delas é a orientação de isolamento voluntário.
Sempre que possível, “fique em casa” é a recomendação. O direito básico de ir, vir ou permanecer, foi prejudicado? Talvez, só que realizando uma análise mais delicada, qual o motivo disto? Um respeitável: saúde pública! Portanto, em primeiro lugar, se você pode ficar em casa, pense nisto.
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Só que as realidades das pessoas são mais múltiplas do que imaginamos… Há os sem casa, os com casa que não podem ficar em casa, os com casa que podem ficar em casa e moram sozinhos e os que moram com uma ou mais pessoas, ou mesmo com muitas pessoas em mesmo lugar. Com exceção das pessoas em situação de rua, que demandam acolhimento do Estado e da sociedade ainda maior nestes tempos, as outras todas podemos agrupar nas que “não podem ficar em casa” e nas que “podem” para fins de sugestões de como se relacionar.
Se você é do grupo que precisa sair, pois trabalha na área de saúde ou em serviços como farmácias, seguimento de alimentação ou supermercado, hotelaria, mecânica, segurança, limpeza pública, água, esgoto entre outras atividades, siga as orientações de distanciamento dos outros, sempre que possível, porém não é necessário deixar de olhar com atenção e serenidade os que te cercam.
No ambiente de trabalho, líderes e colaboradores precisam ter uma visão social, humanizada, de respeito pela condição em que todos estão. Já pensaram que muitas dessas pessoas que estão hoje nestas atividades gostariam de estar em casa ou no mínimo com muito receio de circular, bem como, ao mesmo tempo com muita angústia diante da possibilidade de desemprego? Imagine o estresse que isso causa. Ser empregador também tem suas complexidades, porém, com a visão acima sugerida, muitos problemas poderão ser evitados.
Se por outro lado, você não tem trabalho formal, mas está buscando formas de se manter em tempos assim, e, por isso, indo para a rua, fique atento às decisões políticas que o Governo está tomando para tentar ajudá-lo financeiramente para que ninguém passe necessidades extremas. Talvez muita coisa mude no mercado de trabalho neste tempo de pandemia. Certamente aparecerão muitos desafios como também surgirão muitas possibilidades.
Agora se você for ficar em casa, desenvolvendo home office, organize sua agenda para atender as demandas de trabalho, mas como poupará tempo de deslocamento e estará em casa na hora das refeições, como pode melhor aproveitar seu tempo com sua família? O que pode fazer para bem gerir seu tempo? Se sua rotina já era em casa, por algum outro motivo, o que você também pode fazer para gerir seu tempo?
É necessário se cuidar, física e mentalmente. Em relação ao próximo, ver como apoiar a pessoa. E você não precisa permanecer reduzido ao seu núcleo da casa, hoje os meios de comunicação nos permitem contato. Não se prive disto. Melhore isto. Exercite o que hoje é um direito-dever seu de permanecer em um lugar e não é qualquer lugar: é sua casa.
Sua casa, local onde você de alguma forma escolheu para morar. Mas qual é sua principal casa? Seu verdadeiro lar? Sua mente, seu corpo, sua alma! E nesse tempo de pandemia a ordem é: Fique em casa! Mas se lermos como convite, podemos interpretar como “fique com você”, assim depois poderá ficar com os outros!
Essa ordem pode trazer uma série de questões psicológicas, como ativar ansiedade, tristeza, medos. Mas se olharmos como um convite para entrar em casa, conhecê-la, limpar e organizar e averiguar os grandes tesouros que há nela, não é mais uma obediência por medo, não será restrição ao seu direito de ir, vir e permanecer, mas sim uma escolha: entrar, olhar e ficar para, quando sairmos novamente, podermos levar nossos aprendizados caseiros para nossa sociedade.
Ensinamentos caseiros que são levados para nossa sociedade, e na verdade nossa sociedade é feita da micro sociedade que é a nossa casa. Mais ainda, da nossa casa interna: do relacionamento consigo mesmo.
As pessoas são seres relacionais e passam por um momento de cessar relações? Não! Passam pela oportunidade de melhorar no relacionar-se consigo mesmo, bem como criar formas de se relacionar com os outros!
Muitas excelentes estratégias e recomendações psicológicas de vários profissionais, e órgãos da saúde mundial sobre como lidar com o isolamento estão sendo amplamente difundidas! Aqui se apresenta mais um convite: você que está em casa, ou que precisa sair de casa, que não tem uma casa mas está sob a ordem de Fique em casa, permaneça em sua casa e faça o que você geralmente faz quando falta energia: crie!
Sabe quando já é noite, está escuro na rua e “acaba a luz”? Em muitas casas, depois do espanto surgem momentos de leveza como brincar e criar, contar histórias de vida, se divertir em família. Não há mais energia elétrica para cada um ficar no seu celular ou um na televisão e outro no computador. A única luz que tem era o jantar à luz de velas, que servem para além de iluminar, brincar com as sombras! Depois todos iam para cama dormir tranquilos pelos momentos divertidos e acolhedores que viveram e aliviados, pois na manhã seguinte a luz já estaria de volta, gerando novas formas de brincar com outras sombras.
Essa casa e a luz são aqui apresentadas de forma metafórica, para que seja possível nesse momento em que a recomendação é não sair de casa, porque não tem luz na rua, já que estão todos a sombra de um vírus, estão todos no escuro. Para que cada um possa criar formas para se cuidar, para também cuidar do outro, lembrando sempre dos muitos que precisam sair mesmo assim, para tomar todos os cuidados consigo e ainda cuidar de muitos outros.
Em ambos os casos é possível acender luz interna, com criatividade, resiliência e aprimorando a arte de nos relacionar tanto consigo, quanto com familiares, amigos e colegas, iluminando lares. Tudo isso para que quando a luz externa voltar, todos e cada um possa sair de casa com suas luzes acesas, criando uma sociedade mais iluminada de consciência, respeito e fé em si e na humanidade.
Aline da Silva Freitas é professora de Direito Público da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.
Andreia Freitas Barreto é psicóloga pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Por: Aline da Silva Freitas /Andreia Freitas Barreto
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