Nutrição

Transtorno alimentar: como evitar entrar nesse ciclo?

Atitudes extremistas para conquistar um corpo desejado, dietas restritivas e uso de remédios, são alguns dos fatores que podem desencadear transtornos alimentares

Em épocas como Natal, Ano Novo, mas mesmo em outras como Páscoa, aniversários, vários tipos de comemorações em família, é comum as pessoas se excederem na alimentação, comerem além da conta. A comida funciona como o elemento catalisador de uma certa euforia que se manifesta nestes momentos.

Ocorre que toda essa farra e exagero em torno dos alimentos pode acabar desencadeando um problema sério: os transtornos alimentares. E comer muito, pode vir acompanhado de culpa. E assim, pode-se iniciar um ciclo de excesso – culpa – compulsão – frustração. E a busca por uma dieta, uma forma de buscar o corpo desejado, de emagrecer, já se inicia com uma urgência que poderá levar esse objetivo a situações extremas também. Pesquisas já revelaram: nem toda dieta leva a um transtorno alimentar, mas todo transtorno alimentar é provocado por alguma dieta.

Pode-se definir transtornos alimentares como quadros emocionais, nos quais a pessoa apresenta uma alteração na sua relação com a comida e também na forma que percebe seu corpo. Dentro destas alterações disfuncionais com o comportamento alimentar, alguns quadros já foram bem definidos do ponto de vista clínico e científico, constituindo categorias bem estabelecidas e validadas ao redor do mundo.

Os transtornos alimentares podem ser a porta de entrada para  doenças graves como:

.Anorexia

.Bulimia

.Compulsão alimentar

.Obesidade

 

Os principais transtornos alimentares

Tudo aquilo que comemos no dia a dia, tem ligação com nosso estilo de vida, características biológicas e corporais e até emocionais.

Em época de festas de fim de ano, por exemplo, a torta de nozes da vovó, a  rabanada feita com uma receita especial de  família e o tempero preparo do peru de Natal proporcionam momentos recheados de lembranças e recordações. Mas é importante ficar atento para evitar os excessos.  Como diz a médica  psiquiatra Maria Francisca Mauro, Mestre em Psiquiatria pelo PROPSAM/IPUB/UFRJ, integrante da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e especialista no diagnóstico e tratamento de transtornos alimentares:

‘’O importante não é comer demais ou de menos, mas sim reconhecer sua vontade, suas necessidades sem que isto seja fonte de problema’’.

Ela faz ainda um alerta sobre o problema dos distúrbios alimentares:

“Existe uma pandemia da obesidade, uma epidemia de transtornos alimentares e também pessoas que podem ter uma relação boa com o corpo independente do seu tamanho. De maneira geral, a forma como você percebe seu corpo e a sua relação com o peso vai depender de características individuais e o contexto social e familiar que está inserido. Enquanto algumas pessoas têm internalizado o  culto à magreza, outras não têm interferência desses fatores físicos. Sabemos que o grupo mais vulnerável é o das mulheres, normalmente mais jovens, que já tenham tido história de problema com o peso e atrelam a sua manutenção constante como um valor pessoal”.

E acrescenta:

‘’Os diagnósticos de anorexia nervosa, bulimia e transtorno de compulsão alimentar apresentam critérios  e tratamentos estabelecidos que contribuem para que ocorra uma difusão deste conhecimento para os que sofrem com seu comportamento alimentar e sua imagem corporal. Alguns quadros alimentares, estão ainda em processo de validação como categoria diagnóstica, mas já se encontram na classificação de transtornos mentais, o DSM -5, entre estes estão o transtorno purgativo e a síndrome do comer noturno’’.

 

Sintomas dos transtornos alimentares

Uma grande dúvida da maioria das pessoas, é sobre o que pode desencadear em alguém um processo de distúrbio  alimentar. Quem responde é a psiquiatra Maria Francisca Mauro:

‘’O desenvolvimento dos transtornos alimentares, tem como fatores de risco principal fazer uma dieta, ou seja, ter um o início de uma orientação equivocada nutricional ou a influência de algum conteúdo da mídia. Em segundo plano entram a genética familiar, o ambiente por uma pressão de determinado padrão de corpo, ou mesmo traços de personalidade que favorecem a pessoa assumir uma obsessão quanto ao que come e percebe seu corpo’.’

Ela também enumera quais os principais sintomas:

‘’A principal característica é uma constante preocupação  se está comendo certo ou errado. Também ficar angustiado ou em sofrimento emocional se acha que comeu algo que não devia, ou se apresentou uma sensação de não conseguir se controlar para começar a comer ou parar de comer. Outro ponto é passar a checar seu corpo para verificar se está com algum defeito decorrente de ganhar peso’’.

Maria Francisca fala ainda sobre o tratamento:

‘’O tratamento é multidisciplinar e envolve o psiquiatra, o nutricionista e o psicólogo. Também poderá envolver a enfermagem, o educador físico e o médico clínico. No entanto, precisa-se antes rastrear se o diagnóstico é realmente um transtorno alimentar ou se o sofrimento daquela pessoa é decorrente é decorrente de outro quadro psiquiátrico. De acordo com o diagnóstico e sua gravidade se organizará o tratamento em casa, ou mesmo se precisará de uma internação para se recuperar. O tratamento deve ter como objetivo central restabelecer a paz na relação com a comida, o deslocamento de sua valorização pela sua aparência e uma percepção de seu corpo. De acordo a intensidade e gravidade dos sintomas poderá ser necessário uso de medicamentos para a remissão dos sintomas’’.

 

Como evitar transtornos alimentares

Aprenda 5 dicas para evitar transtornos alimentares: 

.Alimentação saudável e equilibrada: não é preciso seguir uma dieta tão rígida ou excludente, mas procure combinar sempre proteínas, vitaminas, e minerais no seu prato.

.Tenha autoestima: aprenda a aceitar e cuidar do seu corpo como ele é. Não se preocupe com padrões de beleza da sociedade, sejam eles quais forem.

.Pratique algum tipo de atividade física: corrida, caminhada, natação, musculação, algum esporte, são todas práticas  que vão melhorar seu condicionamento, seu humor, proporcionando  uma vida mais saudável.

 .Durma bem: uma boa noite de sono é fundamental para combater o estresse, repor as energias, ajudar na perda de peso, além de relaxar corpo e mente.

.Fique alerta: se você tem algum parente, filhos ,principalmente se for criança ou adolescente, que comece a dar indícios de algum transtorno alimentar, procure conversar com esta pessoa. Uma boa conversa pode ajudar muito para identificar o problema e ver se há a necessidade de tratamento médico e terapêutico.

Contamos com a colaboração da DATZ Comunicação e da médica psiquiatra Dra. Maria Francisca Mauro

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