Friozinho… dá uma vontade de comer mais não é mesmo? Mas este aumento do apetite em épocas mais frias, como o inverno, tem uma explicação.
Uma pesquisa científica apontou uma relação entre as temperaturas mais frias e um aumento da vontade de comer.
Quer saber mais? Então siga lendo esta reportagem.
O estudo foi realizado por uma equipe de neurocientistas e publicado na conceituada revista científica Nature (( https://www.nature.com/articles/s41586-023-06430-9)).
Os pesquisadores fizeram testes com camundongos e identificaram circuitos cerebrais que levaram os animais a terem uma maior vontade de se alimentar quando expostos a temperaturas mais baixas, entre 22ºC e 3ºC.
“Usando técnicas chamadas de limpeza cerebral total e microscopia de folha de luz, os pesquisadores compararam a atividade dos neurônios em todo o cérebro durante condições frias e quentes. Logo eles fizeram uma observação importante: embora a maior parte da atividade neuronal no cérebro fosse muito menor na condição de frio, porções de uma região chamada tálamo mostraram maior ativação”, diz a endocrinologista Deborah Beranger, pós-graduada em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).
Os pesquisadores concentraram o estudo num grupo específico de neurônios denominado núcleo xifóide do tálamo da linha média. O resultado revelou que a atividade desse grupo de neurônios, aumentou em situações de frio, quando os ratos se movimentavam em busca de comida.
‘’O estudo mostra que quando menos comida estava disponível no início da condição de frio, o aumento da atividade no núcleo xifóide foi ainda maior, sugerindo que esses neurônios respondem a um déficit de energia induzido pelo frio, em vez do próprio frio”, comenta a especialista.
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Outro dado que apareceu na pesquisa, é que quando os pesquisadores ativaram artificialmente esses neurônios, os animais aumentaram a busca por alimento.
“Da mesma forma, quando a equipe inibiu a atividade desses neurônios, os camundongos diminuíram sua busca por comida. Esses efeitos apareceram apenas sob a condição de frio, o que implica que as temperaturas frias fornecem um sinal separado que também deve estar presente para que ocorram mudanças no apetite”, explica a endocrinologista.
O estudo científico apontou ainda que os neurônios do núcleo xifóide se projetam para uma região do cérebro conhecida como núcleo accumbens, uma região cerebral que integra comandos de ‘’recompensa’’ e ‘’repulsa’’ para orientar vários tipos de comportamento, incluindo aí o comportamento alimentar.
‘’ Os pesquisadores acreditam que os resultados podem ter relevância clínica, pois sugerem a possibilidade de bloquear o aumento habitual do apetite induzido pelo frio, permitindo que regimes de exposição ao frio relativamente simples conduzam à perda de peso com muito mais eficiência’’, fala a dra. Deborah.
E acrescenta a médica:
“Um dos principais objetivos agora é descobrir como dissociar o aumento do apetite do aumento do gasto de energia. Os pesquisadores também buscam descobrir se esse mecanismo de aumento do apetite induzido pelo frio faz parte de um mecanismo mais amplo que o corpo usa para compensar o gasto extra de energia, por exemplo, após o exercício. Com isso, há a possibilidade de criação de medicamentos ou terapias para modular o apetite extra nesses casos”.
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Na pesquisa, os neurocientistas começaram a identificar quais circuitos cerebrais envolvidos no aumento do apetite quando o organismo é submetido a baixas temperaturas.
“Como a exposição ao frio aumenta a queima de energia para se manter aquecido, a imersão em água fria e outras formas de ‘terapia fria’ têm sido exploradas como métodos para perder peso e melhorar a saúde metabólica. No entanto, os resultados não são agradáveis, pois o frio, assim como a dieta e o exercício, aumenta o apetite, como ‘efeito colateral’, para neutralizar qualquer efeito de perda de peso”, esclarece a especialista.
A pesquisa foi feita em laboratório com camundongos e são necessárias ainda outras etapas para apontar possíveis indicações sobre os seres-humanos. Mas existe a expectativa que no futuro essas descobertas possam levar à elaboração de terapias que auxiliem no equilíbrio da saúde metabólica e na perda de peso.
“Os pesquisadores identificaram um aglomerado de neurônios que funcionam como um ‘interruptor’ para esse comportamento de busca de comida relacionado ao frio em camundongos. Sabemos que os mamíferos queimam automaticamente mais energia para manter a temperatura corporal normal quando expostos ao frio. Esse aumento do gasto de energia ativado pelo frio desencadeia um aumento no apetite e na alimentação, mas o mecanismo específico que controla isso até então era desconhecido”, aponta a endocrinologista.
E conclui a médica:
‘’Este é um mecanismo adaptativo fundamental em mamíferos e direcioná-lo com tratamentos futuros pode permitir o aumento dos benefícios metabólicos do frio ou de outras formas de queima de gordura’’.
Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e da médica: Dra. Deborah Beranger/Endocrinologista
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