Nutrição

Mais café e vegetais, menos carne contra a Covid

O consumo habitual de uma ou mais xícaras de café por dia estaria ligado a uma redução de cerca de 10% no risco de Covid

Ingerir café, vegetais e diminuir carne processada ajuda contra a doença

 A imunidade do corpo humano está muito ligada à questão nutricional. Ingerir alimentos de baixa ou alta qualidade pode influenciar e deixar o organismo mais ou menos imune à doenças. Mas associação entre que alimentos podem contribuir para aumentar ou baixar a imunidade ainda é alvo de muitos estudos por parte de cientistas e médicos. Mas uma nova  pesquisa feita nos Estados Unidos  joga luz sobre este tema.

O estudo foi feito pela a Northwestern University, de Chicago, publicado  no periódico Nutrients e revela que alimentos como café e vegetais podem ajudar a evitar casos graves de Covid-19, enquanto carnes processadas como presunto, mortadela, salsichas, linguiças, salames, patês, carnes enlatadas, charque e caldos de carnes concentrados estão relacionados ao surgimento de patologias mais severas da doença. 

A pesquisa sobre café, vegetais, carne e Covid

O estudo da Northwestern University foi feito num universo de  37.988 pessoas entre 40 e 70 anos de idade, das quais 17% testaram positivo para Covid-19. E mostrou a relação entre alimentação e imunidade.

 Segundo a dra. Marcella Garcez, médica nutróloga, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia, “o sistema imunológico desempenha um papel fundamental na suscetibilidade de um indivíduo e na resposta a doenças infecciosas, incluindo Covid-19. Um dos principais fatores modificáveis que afetam a função imunológica é o comportamento alimentar que influencia o estado nutricional. Estudos ecológicos do Covid-19 relatam correlações favoráveis com vegetais e padrões alimentares específicos, como a dieta mediterrânea’’.

E acrescenta a dra,’’alguns suplementos dietéticos foram encontrados para ter uma associação com a infecção SARS-CoV-2. No entanto, os pesquisadores deste estudo recente usaram dados da Inglaterra, do UK Biobank, e relataram que o consumo de café e vegetais foi associado favoravelmente ao desenvolvimento de quadros leves da doença, após a infecção pelo vírus”.

Embora sabendo que o fator nutricional pode, ao menos na teoria, impactar o desenvolvimento da Covid-19 no organismo, poucas pesquisas tinham testado essa  hipótese.

Café e vegetais  contra a covid

Estudos feitos anteriormente já haviam apontado que o baixo nível de vitamina D estaria associado a casos mais graves da  infecção pelo coronavirus. Um maior consumo de bebidas alcoólicas e menor ingestão de  café e chá também já  foram associados à gravidade da doença.

Nesta pesquisa, os investigadores  concluíram que o consumo habitual de uma ou mais xícaras de café por dia estaria ligado a uma redução de cerca de 10% no risco de Covid-19 em comparação com quem bebe menos de uma  xícara por dia. 

“O café não é apenas uma fonte importante de cafeína, mas contribui com dezenas de outros constituintes; incluindo muitos implicados na imunidade. Entre muitas populações, o café é o principal contribuinte para a ingestão total de polifenóis, em particular os ácidos fenólicos. Café, cafeína e polifenóis têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, de forma que o consumo de café se correlaciona favoravelmente com biomarcadores inflamatórios, como PCR, interleucina-6 (IL-6) e fator de necrose tumoral α (TNF-α), que são também associados à gravidade e mortalidade de Covid-19. O consumo de café também foi associado a um menor risco de pneumonia em idosos”, afirma a dra.Marcella.

Já no caso das  frutas e vegetais, estas são fontes  ricas em vitaminas, folato, fibra e vários fitoquímicos, como carotenóides e flavonóides. 

Para a dra Marcella,“essas substâncias têm propriedades anti-inflamatórias, antibacterianas e antivirais e, portanto, são imunoprotetoras. No estudo atual, o consumo de pelo menos 0,67 porções por dia de vegetais (cozidos ou crus, excluindo batatas) foi associado a um menor risco de infecção por Covid-19. Estudos ecológicos recentes do Covid-19 relatam que países com alto consumo de alimentos com atividade antioxidante potente ou antienzima conversora de angiotensina (ACE), como repolho cru ou fermentado, têm uma taxa de mortalidade por Covid-19 mais baixa em comparação com outros países”.

Ainda segundo os dados coletados nesta pesquisa com a ingestão de vegetais e alimentos fermentados ,mostram que cada aumento de grama por dia no consumo médio  de repolho, pepino ou vegetais fermentados diminuiu o risco de mortalidade pela Covid-19 de 11%  a 35%.

 

A carne processada e a Covid

Pelo estudo, a carne processada acabou se revelando a ‘’grande vilã’’. A pesquisa mostrou que o consumo de apenas  0,43 porções por dia  foi associado a um maior risco de casos graves da  Covid-19. Mas é bom destacar que a ingestão de  carne vermelha  não apresentou  risco, sugerindo que somente a carne processada está relacionada à casos mais agudos da Covid.

 “Carne processada refere-se a qualquer carne que foi transformada por meio de salga, cura, fermentação, defumação ou outro processo para realçar o sabor ou melhorar a preservação”, explica  dra. Marcella.

 Entre as carnes processadas mais consumidas estão as salsichas, o bacon e o presunto, que geralmente contêm sal enriquecido com nitratos e/ou nitritos, conservantes e outros aditivos que  estão sendo cada vez mais usados.

 “Carnes processadas também são características de uma dieta de estilo ocidental, o que pode afetar adversamente a imunidade”, explica a médica. “Apesar da limitação do estudo, como não ter dados simultâneos de pandemia sobre outros fatores de risco estabelecidos (distanciamento e uso de máscaras), esse é um trabalho importante para pensarmos em incluir vegetais e café na dieta, e principalmente limitar o consumo de carnes processadas, com o objetivo de melhorar a imunidade”, conclui a dra. Marcella.

Contamos com a colaboração  da Holding Comunicações e da médica:

Dra.Marcella Garcez/Nutróloga

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