Maus hábitos decorrentes do estresse potencializam os riscos de desenvolvimento de câncer de mama e de fígado, entre outros.
Raras e sortudas são as pessoas que não se sentem estressadas com alguma frequência. A correria do dia a dia, o trânsito, a necessidade de tomar decisões imediatas o tempo todo, o transporte público lotado, as cobranças e autocobranças ligadas ao trabalho, à família, à aparência… Ufa!
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A situação não é nada legal, e a preocupação com a saúde começa de fato quando não se cria tempo para aliviar tudo isso. “Ouço de muitas pessoas que o maior desafio para elas se cuidarem é a falta de tempo”, conta Regina Chamon, responsável pelo serviço de Medicina Integrativa no Centro Paulista de Oncologia. Ela prossegue: “Quando não se gerencia toda essa demanda, o corpo tende a acelerar seu funcionamento, e aqui começam os problemas. O corpo vai gastando seu estoque de energia ao mesmo tempo em que passamos a ter hábitos de vida menos saudáveis, pulando refeições e com alimentação rica em ultraprocessados, doces, gorduras, álcool, café.”
O sono também fica prejudicado, como observa a médica: “Não dormimos horas suficientes para os processos internos do corpo se restabelecerem. Ou, apesar de dormirmos oito horas por noite, temos um sono não restaurador, de má qualidade”. Atividade física, então, nem pensar!
É a partir desse estilo de vida que podem ser desencadeados gatilhos que levem ao surgimento de alguns tipos de câncer. Perceba: não é o estresse o culpado, mas as consequências dele quando não se arruma um tempinho na agenda para os autocuidados.
Um dos maiores riscos para o desenvolvimento de câncer quando se come mal — alimentos ultraprocessados, gordurosos, ricos em açúcar refinado e pobres em vitaminas e nutrientes — é atrelado ao ganho acelerado de peso: a obesidade é causa de pelo menos 12 tipos de câncer, entre eles o de intestino, o de mama e o de pâncreas.
Doenças que têm entre suas causas o estresse e afetam a saúde mental, como depressão, ansiedade e síndrome do pânico, não são causadoras primárias de câncer de mama, mas podem levar a ele. A correlação é biológica, uma vez que elas tendem a causar a má síntese do estrogênio, e a alta concentração do hormônio no organismo é um dos fatores de risco para o câncer de mama.
Para aliviar o estresse do dia a dia, não é raro que se recorra a uma ou algumas doses de álcool no fim do expediente. Se o consumo começar a ficar exagerado e até abusivo, pode se criar um risco elevado para o desenvolvimento de pelo menos sete tipos de câncer, entre eles o de boca, o de laringe e o de fígado.
Isso ocorre devido às interferências químicas do álcool no organismo (convertendo o álcool em acetaldeído, uma substância que prejudica as células, especialmente as do fígado, do intestino e da boca, e impede que elas se recuperem) e às alterações hormonais provocadas por ele (o álcool aumenta os níveis de estrogênio e insulina no corpo)4.
Mas o que é um “consumo exagerado”? Não é o seu chope ou o seu drink no happy hour, fique tranquilo! É considerado uso abusivo de álcool quando a ingestão passa de quatro doses entre as mulheres ou de cinco doses para os homens, em uma mesma ocasião, em um período de 30 dias5. Beber socialmente uma ou duas doses de vez em quando não oferece esse mesmo risco.
Saber de tudo isso ajuda, mas não resolve: o que diminui os riscos de surgimento de câncer decorrente de maus hábitos de vida é a mudança. “Cultivar o cuidado conosco é coisa que fazemos no dia a dia. Significa mudar hábitos, prioridades e crenças profundamente enraizadas sobre autoestima e identidade. Não é preciso atingir a perfeição, mas sim dar o primeiro passo para se cuidar”, recomenda Regina. “Fazer pequenas pausas ao longo do dia para perceber suas necessidades, respirar com calma e reservar nem que sejam dois minutinhos por dia para si são excelentes começos”.
Por: DIGITAL TRIX
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