Separar um dia da semana para “enfiar o pé na jaca” pode ter efeito contrário ao desejado e prejudicar à dieta, ao gerar compulsão alimentar
Quando a dieta é sinônimo de privação, mantê-la a médio e longo prazo é um grande desafio. Por isso, alguns adeptos de dietas restritivas adotam um dia da semana para comer à vontade, o que recebeu o nome popular de “dia do lixo”. Pelo nome, dá para ver que a intenção não é consumir alimentos saudáveis, não é?
Porém, de acordo com a médica nutróloga Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), essa prática não é recomendada. “O consumo de alimentos, como frituras, fast-foods e sobremesas, em um dia de pausa na dieta, cria uma ideia equivocada de recompensa durante o processo de reeducação alimentar“, diz.
Segundo a especialista, o problema é que a pessoa acaba criando expectativas muito grandes para esse dia e pode acabar se descontrolando, e passar a comer compulsivamente. Consequentemente, muitos resultados conquistados podem ser perdidos.
Outro risco, alerta, é que se o tal dia for durante o fim de semana, ele pode acabar se estendendo por mais tempo.
Mesmo o termo “dia do lixo”, explica Marcella, é bastante problemático. Chamar determinados tipos de alimento de lixo os transforma em vilões e tornam a relação com a comida complicada, por causa da sobrecarga emocional envolvida.
“Essa prática é prejudicial porque moraliza o que você come de maneira que pode ser aplicada a si mesmo, fazendo com que você se sinta bem ou mal com base em suas escolhas alimentares. Isso pode causar um sentimento de culpa que te leva a consumir mais calorias do que você consumiria caso saboreasse um alimento sem se sobrecarregar emocionalmente”, diz a médica. “É necessário entender que nenhum alimento isoladamente será a cura nem a culpa de algum problema”, acrescenta.
Aqueles que sofrem com alguma compulsão alimentar podem ser especialmente afetados por esse dia de folga da dieta. A sensação de ‘liberdade’ em relação à dieta pode se transformar em um gatilho e desencadear crises.
“O mesmo vale para pessoas que estão tentando, por exemplo, reduzir o consumo de açúcar, já que a ingestão de grandes quantidades da substância em um dia pode gerar um efeito rebote no organismo, com a reativação dos mecanismos de recompensa ligados ao ingrediente e o retorno do desejo por doces no dia seguinte”, explica Marcella. “Além disso, esses grandes desvios da dieta no início do processo de emagrecimento podem atrasar a perda de peso, o que pode desestimular algumas pessoas a continuarem no processo”.
Apesar disso, pausas na dieta são realmente necessárias no processo de reeducação alimentar, pois ajudam a combater o chamado efeito platô.
“Após um emagrecimento considerável, é comum que o organismo reduza o gasto calórico e ocorra uma diminuição na perda de peso, o que é conhecido como efeito platô. Logo, aumentar a ingestão calórica e, em seguida, reduzi-la novamente fará com que o metabolismo permaneça acelerado mesmo com uma menor ingestão de alimentos, promovendo, assim, perda de peso”, destaca a nutróloga.
Em vez de adotar uma dieta que leva a consumir uma grande quantidade de alimentos hipercalóricos de uma só vez para compensar os dias de sofrimento que ela proporciona, que tal optar por uma dieta menos restritiva? Essa pode ser uma escolha mais viável a longo prazo.
“Você pode, por exemplo, escolher uma refeição da semana para consumir com moderação qualquer alimento, o que, ao contrário de uma atitude de tudo ou nada, auxilia na realização de boas escolhas alimentares e torna possível ter comida que agrade ao seu paladar, enquanto ainda perde peso”, aconselha Marcella.
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