O uso de computação científica e de robôs em cirurgias ortopédicas está melhorando a recuperação de pacientes, principalmente em casos de implantes de próteses e fixação de fraturas. Uma das aplicações da informática na traumatologia é auxiliar o médico a encontrar a posição exata para o implante de próteses. Isto é possível com equipamentos que oferecem os recursos de navegação e imagens tridimensionais. Os sensores desses aparelhos examinam minuciosamente os ossos e enviam as informações para um computador.
“Esse tipo de aparelho possibilita o encaixe exato das próteses, o que diminui a chance de desgaste precoce. O mau posicionamento da prótese é o principal motivo de seu afrouxamento e mau funcionamento”, diz o Dr. Ricon Jr., cirurgião especializado em quadril do Hospital Naval Marcílio Dias. Outros fatores que interferem na durabilidade são o modelo de prótese e a qualidade do osso. Em média, elas duram de 15 a 30 anos. O problema é que, no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) só paga os modelos nacionais. Muitos não têm garantia, com quatro anos já apresentam desgaste e precisam ser trocados.
O equipamento que permite ao ortopedista navegar pelo osso e estruturas vizinhas é o OrthoPilot, importado da Alemanha. Além de mostrar em detalhes a área que será operada, a tela do computador ainda exibe todos os cálculos da estrutura física do paciente, o que garante o implante num alinhamento perfeito, sem desvio de eixos. O índice de erro na operação é menor que um grau, enquanto no método convencional isso dependerá mais da habilidade do especialista.
As novas tecnologias em informática ampliam as perspectivas para médicos e pacientes. Nas cirurgias ortopédicas de rotina no Brasil, o paciente fica internado no mínimo cinco dias e espera, em média, cinco ou seis semanas para voltar a andar. No método tradicional, a incisão é de 20 cm em média, e pode chegar a 30 cm. Com o computador, o cirurgião corta de 3 cm a 5cm. Isso significa menos sangramento e dor no pós-operatório, pouca probabilidade de infecção e menor consumo de medicamentos.
Para o ortopedista Ricon Jr., o desafio agora é combinar a aplicação da tecnologia de navegação com os procedimentos minimamente invasivos. “Cirurgias complexas para corrigir lesões decorrentes de artrose ou de fraturas do fêmur ficaram mais simples e menos dolorosas. Em alguns casos, o paciente pode ter alta no mesmo dia”, diz Ricon.
Além da navegação, os ortopedistas contam agora com um outro recurso. Na Alemanha, cientistas utilizam o Robodoc, um robô que, a partir de um programa, opera praticamente sozinho. Os resultados, porém, nem sempre são bons e a máquina pode causar danos irreversíveis.
E não é só isso. Pesquisadores estão testando a aplicação de corrente elétrica (Pulsed Signal Therapy, ou PST) para estimular a regeneração de lesões nas cartilagens.
“Associada à terapia genética, a estimulação elétrica será mais uma alternativa em casos de traumas graves das articulações e poderá adiar o implante de próteses”, afirma Ricon Jr.
Próteses mais modernas e personalizadas
A artrose de quadril atinge 10% da população mundial, e os principais fatores de risco são: envelhecimento, exercícios físicos de alto impacto, excesso de peso, abuso de cortisona e álcool. E muitas vezes a solução é o implante de uma prótese de quadril. Há basicamente três modelos no mercado: de cerâmica, metal e polietileno, uma para cada tipo de paciente.
“Esses pacientes podem até levar uma vida ativa. As próteses de cerâmica e metal são mais duráveis e melhores para os mais jovens (com menos de 50 anos). Mas podem ser indicadas para idosos muito ativos. A escolha deve levar em conta o estilo de vida de cada um”, diz Ricon Jr.
Na Alemanha, estão sendo feitos estudos para a fabricação de próteses individualizadas, de acordo com as características de cada indivíduo. No computador, o médico analisa o osso em imagem 3D e pode obter um modelo personalizado. O que se faz hoje é adaptar os ossos às próteses.
Outra novidade é a prótese tipo “vírgula”. Ela possibilita maior liberdade de movimentos, além de ser mais resistente ao impacto. “Com as novas próteses, os pacientes podem até praticar corridinhas, o que em um passado recente nem se podia imaginar”, afirma Ricon Jr.
Por Ayla Ueda
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