O comportamento feminino se modificou nas últimas décadas e com isso a mulher passou a dar prioridade à sua vida profissional, deixando a maternidade para mais tarde. A contracepção sempre foi associada a riscos e mitos, principalmente após os 35 anos. Nesse período, muitas mulheres passam por grandes flutuações hormonais, devido à diminuição das funções do ovário. Nessa fase, que ocorre geralmente por volta dos 40 anos, além da preocupação em prevenir a gestação, considerada de risco tanto para a mãe como para o feto, outros problemas clínicos, que ocorrem em função das flutuações hormonais, passam a incomodar ainda mais a mulher.
Os problemas mais freqüentes desta fase da vida da mulher que antecede a menopausa (chamada pelos médicos de perimenopausa) são alterações menstruais manifestadas na forma de aumento do fluxo menstrual ou ainda com irregularidade menstrual, diminuição da massa óssea, além de sintomas vasomotores (como calores noturnos), depressão, suores abundantes etc. Segundo estudos científicos, os anticoncepcionais orais de baixa dose são excelentes no tratamento desses sintomas, além de extremamente eficazes para a contracepção.
Um estudo publicado na revista The Contraception Report revelou que o uso de contraceptivos de baixa dose proporciona regularidade menstrual, diminuição de hemorragias uterinas, além de reduzir o risco de desenvolver câncer de endométrio e de ovário. “Anticoncepcionais orais contendo gestodeno são potentes inibidores de enzimas no endométrio e, por isso, não só reduzem o sangramento e a cólica menstrual como podem prevenir, a longo prazo, patologias endometriais, como o câncer de endométrio”, diz o Dr. Hugo Maia Filho, professor do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da UFBA (Universidade Federal da Bahia). “Os anticoncepcionais ainda previnem a osteoporose, corrigem a anemia e reduzem o risco de ocorrer fraturas no quadril, no período da pós-menopausa”, completa ele.
O uso de contraceptivos combinados por mulheres acima dos 35 anos é uma prática clínica que foi pouco difundida entre os médicos por causa das dúvidas em relação a sua interferência no aparelho cardiovascular. “Entretanto, evidências mais recentes mostraram que o uso por parte de pacientes saudáveis e não fumantes é seguro em relação a essas patologias”, explica a Dra. Arícia Giribela, médica ginecologista do Hospital das Clínicas, de São Paulo (SP). Segundo ela, um estudo realizado pelo Center for Health Statistics/CDC revelou que o uso de anticoncepcionais em mulheres na fase madura tem crescido significantemente nos últimos 20 anos.
Recomenda-se o uso da menor dose hormonal possível, para a diminuição de efeitos colaterais. “Utilizando a menor dose, a mulher vai ter o mesmo benefício contraceptivo, mas com menos efeitos colaterais e menores riscos. Lembrando sempre que é fundamental procurar o médico para maiores orientações”, afirma a Dra. Arícia. Além disso, conforme alerta o Dr. Hugo Maia, “é preciso ressaltar que a contracepção nessa faixa etária é muito importante para se evitar os riscos de uma gravidez não planejada. Em países onde o aborto é permitido, mais da metade das gestações não planejadas nesse período terminam em abortamentos espontâneos ou induzidos, segundo estudo publicado na revista Family Planning Perspectives”.
Os especialistas alertam, porém, que nem todas as mulheres dessa fase da vida podem se beneficiar do tratamento com anticoncepcionais. As contra-indicações para o uso de anticoncepcionais durante a perimenopausa, incluem infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, câncer de mama e história de doença hepática severa. “Pacientes fumantes e com fatores de risco para doenças cardiovasculares também são contra-indicadas para o uso de anticoncepcionais acima dos 35 anos”, completou o Dr. Hugo.
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Por Ana Carolina Prieto
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