Divulgada pelo representante das Nações Unidas contra Drogas e Crime para o Brasil e Cone Sul, Giovanni Quaglia, a informação integra o Relatório Anual 2005 da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE).
Para a médica hebeatra (especialista em adolescência) Mônica Mulatinho, o relatório atesta o quanto as drogas estão presentes em nossa sociedade. “Ainda fechamos os olhos para o fato de que estamos perdendo os nossos filhos não só para a dependência química, mas principalmente para a criminalidade. O narcotráfico é a instituição mais poderosa que existe e é necessária uma família bem estruturada para detê-la, o que significa na prática uma família em posse de sua autoridade e que tem como veículo um canal de comunicação de amorosidade”, declara a médica.
Por que a droga entra na vida do adolescente?
A droga – como qualquer compulsão, atividade de risco ou neuroses – ocupa o “vazio dos afetos”, ou seja, das carências afetivas. Infelizmente, os pais nem sempre são competentes na forma de expressar o afeto, que se dá através de uma declaração de amor, do toque, do colo ou de elogios. O consumo de droga, enquanto comportamento de risco, está intimamente ligado à baixa auto-estima.
Filhos de pais separados estão mais propensos a se tornarem drogadictos?
Não necessariamente. O que conta não é a composição da família, mas sim, como a família se relaciona. Há afetividade? Há atenção com qualidade de tempo? Há limites com uma relação de autoridade? Caso positivo, os filhos encontram uma direção. No caso de pais que vivem juntos, mas estão desalinhados (um diz sim e o outro diz não), temos uma imensa brecha para adoção de comportamentos de risco.
Os pais devem temer o consumo de álcool?
Com certeza. O álcool é uma droga considerada lícita, porém com grande possibilidade de gerar dependência química. Além disso, há riscos associados ao uso do álcool, como acidentes de trânsito causados por motoristas alcoolizados.
Que medidas que devem ser tomadas quando se detecta que um adolescente faz uso de drogas?
Construir um cerco firme ao filho, onde coexistam limites e amorosidade em abundância. Os pais precisam saber que ao “aprontar”, o filho está pedindo colo, está dizendo “cuide de mim porque sozinho não estou dando conta. Preciso de você mais perto. Tape com seu cuidado esse buraco que me consome”.
Qual é o papel da escola na luta contra as drogas?
A escola tem uma importância enorme na luta contra as drogas, porque os educadores muitas vezes passam que os pais com as crianças e os adolescentes. Portanto, ela tem o papel de detectar, sinalizar para os pais, acolher, ajudar na definição de limites e atuar em parceria com a família nesta grande batalha. Contudo, é importante ressaltar que a escola sem a família pouco pode fazer. A grande competência é da família: ao invés de ser considerada a “causa”, precisamos encará-la com a solução para o problema.
Por Carla Furtado
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