Vida e Saúde

Um em cada cinco jovens tem doença hepática gordurosa

Estudo publicado em janeiro deste ano no The Lancet mostra que a obesidade e a falta de atividade física podem estar ligadas a um aumento da doença hepática gordurosa em jovens adultos; condição pode ter consequências graves.

O fígado é a maior glândula e o segundo maior órgão do corpo humano, então executa funções fundamentais para o organismo.

 

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Sendo assim, jamais podemos ser negligentes quanto à saúde do órgão, mas nem sempre isso é levado a sério. Segundo estudo publicado na revista The Lancet Gastroenterology & Hepatology, conduzido por pesquisadores da Universidade de Bristol, um a cada cinco jovens do Reino Unido possuem doença hepática gordurosa. “A doença hepática gordurosa é uma condição na qual as gorduras se acumulam nas células do fígado. É dividida em doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), que, geralmente, é observada em pessoas com sobrepeso ou obesidade e doença hepática alcoólica, associada a níveis prejudiciais de consumo de álcool. Ambas as condições requerem atenção, pois, caso não sejam tratadas adequadamente, aumentam o risco de doenças cardíacas, vasculares, e podem levar à fibrose e ao desenvolvimento de hepatite”, explica a Dra. Marcella Garcez, médica nutróloga e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

A pesquisa analisou dados coletados de 4021 participantes que já haviam sido previamente avaliados para DHGNA na adolescência. Primeiro, os pesquisadores analisaram os participantes que não relataram consumo prejudicial de álcool e descobriram que um em cada cinco apresentava doença hepática gordurosa não alcoólica. Ao ampliar os dados a fim de incluir todos os participantes, descobriram que mais de 20% apresentavam evidências de fígado gorduroso e um em cada 40 já havia desenvolvido fibrose. Aos 17 anos de idade, 2,5% dos participantes apresentavam níveis moderados a graves de fígado gorduroso, enquanto aos 24 anos esse número havia aumentado para 13%.

Segundo a Dra. Marcella, o estudo destaca a importância de estar atento à saúde do fígado ainda na juventude: “Essa faixa etária acaba sendo um ponto cego, já que, para os médicos, é considerada uma faixa etária ‘saudável’, que raramente é alvo de estudo. Se os níveis de obesidade continuarem altos e a cultura do abuso alcoólico não for fortemente abordada, poderemos ver um crescimento de pacientes apresentando doença hepática terminal em idades muito precoces”, alerta.

Os dados do estudo apontam ainda que, apesar de 20% dos participantes apresentarem fígado gorduroso, apenas uma pequena porcentagem dos indivíduos tinha potencial para o desenvolvimento de cirrose, doença caracterizada pela cicatrização irreversível do fígado. Sendo assim, a grande maioria dos participantes pode ter melhora efetiva caso administrem sua dieta, larguem o álcool e se exercitem corretamente, o que reafirma a necessidade de criar uma cultura de estilo de vida saudável. Segundo os pesquisadores, o próximo passo é examinar mais de perto como os fatores genéticos e ambientais podem levar indivíduos a desenvolver doença hepática mais precocemente na vida.

E quem está mais suscetível a desenvolver DHGNA? A nutróloga esclarece: “Os principais grupos de risco são obesos, hipertensos, pessoas resistentes à insulina, indivíduos com excesso de colesterol e triglicérides no sangue, pacientes que fazem uso de medicamentos para distúrbios de ritmo cardíaco ou câncer e pessoas que já apresentaram desnutrição ou precisaram ser alimentadas por via intravenosa. Já quanto a doença hepática alcoólica, a quantidade de álcool consumido e a frequência, classe social e tabagismo também determinam a possibilidade de uma lesão hepática e sua gravidade. As mulheres pessoas e obesas também possuem maior predisposição”, complementa.

Por fim, a Dra. Marcella ressalta a importância de ter bons hábitos para evitar quaisquer problemas hepáticos. “Vida saudável, alimentação balanceada, atividade física e peso ideal evitam boa parte das doenças relacionadas aos mais diversos órgãos do corpo humano, incluindo as hepáticas. O ideal é manter um acompanhamento médico multidisciplinar e procurar realizar exames relacionados ao fígado não apenas quando notar algum problema. Consulte-se com um médico nutrólogo para adequar sua alimentação a fim de excluir o risco de obesidade, e consulte-se com um médico hepatologista sempre que for necessário”, finaliza.

FONTE: DRA. MARCELLA GARCEZ

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