Pesquisa mostra que pacientes com a doença levam mais de 3 anos para buscar ajuda
O tema da saúde mental ganha sempre mais força em função da campanha Setembro Amarelo,que ocorre anualmente no mês de setembro,para alertar sobre doenças como ansiedade e depressão,que podem em casos extremos levar até ao suicídio.
A depressão é uma doença mental grave e frequente que atinge cerca de 15% das pessoas e é a principal causa de incapacidade em todo o mundo.No Brasil,esta enfermidade já se tornou um caso de saúde pública,com o país ocupando a 5ª posição do mundo em número de caso. A quantidade de depressivos já é maior do que o de diabéticos,por aqui.
E um dos dados mais alarmantes, é que a maioria das pessoas com depressão nem sabem quem tem a doença, segundo dados do Ministério da Saúde.
E um estudo recente encomendado pela Janssen, mostra que as pessoas diagnosticadas com depressão levam em média 39 meses( 3 anos e 3 meses) para procurar atendimento médico.
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O levantamento foi encomendado pela Janssen (www.janssen.com/brasil), empresa farmacêutica da Johnson & Johnson e realizado pelo Instituto Ipsos. Foram ouvidas cerca de 800 pessoas em 11 estados brasileiros. O estudo apontou que as pessoas demoram 39 meses para procurar atendimento em casos de depressão.
A pesquisa mostrou que esta demora ocorre principalmente pelos seguintes motivos:
.18%: não sabiam que depressão é uma doença
.13%: resistência a procurar um médico
.13% vergonha e medo da reação e do julgamento dos outros
O estudo expôs ainda outros dados que demonstram a falta de conhecimento sobre o que é a depressão:
.35% acham que a doença não pode ser tratada com medicamentos
.36% acreditam que se pode superar a doença com ‘’força de vontade’’
.10% somente, acham que a depressão tem base biológica e repercussões físicas
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A pesquisa revelou um dado preocupante: muitas pessoas com depressão não sabem ou mesmo não aceitam ter a doença. Mas por que isso ocorre?
Quem responde é o psiquiatra Elson Asevedo, diretor do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP):
‘’Reconhecer-se doente, não só em relação à depressão, mas de qualquer problema de saúde, é um desafio. O primeiro instinto é a negação. “Isso não está acontecendo, não é verdade, vocês estão enganados”. Afinal, “isso nunca aconteceu comigo antes”. Por isso, tantas pessoas com pressão alta, diabetes, obesidade, não buscam tratamento. O que ocorre de mais grave na depressão é que há um enorme estigma social. Como se depressão fosse um problema de caráter, e não um problema de saúde’’.
Ainda existe muito preconceito contra quem tem depressão?
‘’ O preconceito é tão grande, que se expressa inclusive no financiamento público de serviços que cuidam de doenças mentais. O Brasil investe proporcionalmente 20 vezes menos do que o Reino Unido em serviços de saúde mental. São Paulo, que é a cidade mais rica do Brasil, tem serviços públicos de saúde mental capazes de atender menos de 30% da população. E a sociedade não cobra uma mudança. Muito por causa do preconceito’’,acrescenta o psiquiatra.
E como quebrar este preconceito e resistência em assumir que se tem a doença? Mais uma vez a palavra está com o dr. Elson:
‘’Com muita informação de qualidade sobre o tema. Não só sobre depressão em si, mas também sobre neurociência, sobre o que já sabemos sobre a mente, sobre o cérebro. Muitos mitos e preconceitos simplesmente desaparecem com o conhecimento adequado’’.
E a médica Cintia de Azevedo Marques Périco, professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC e integrante da Comissão de Emergências Psiquiátricas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP),afirma que o atraso na busca por ajuda médica pode gerar graves consequências:
“A demora por buscar tratamento para a depressão pode trazer consequências devastadoras, como a cronificação da doença, agravamento dos sintomas, diminuição da eficácia dos tratamentos, perda de anos produtivos, impacto econômicoe todo um prejuízo em seu convívio familiar e social. A depressão precisa ser levada à sério”.
Veja esta:
A depressão tem sintomas que podem ajudar a identificar a doença.São eles:
.Tristeza
.Irritabilidade
.Falta de prazer nas atividades diárias
Incapacidade de tomar decisões
.Perda de memória
.Dificuldade de concentração
.Cansaço
.Insônia
.Perda de apetite
.Sensação de peso nas pernas
.Desesperança e pensamentos de suicídio
E o que a família deve fazer quando nota que algum familiar apresenta os sintomas? Quem responde é o psiquiatra Elson Asevedo:
‘’A família tem papel fundamental para que alguém com sintomas de depressão receba o tratamento o mais precocemente possível. Em primeiro lugar, a família deve promover um clima de que é possível conversar sobre dificuldades emocionais. Ao conversar, é importante saber que muitas vezes quem tem sintomas de depressão sente vergonha, quer esconder. Pode começar descrevendo o que o familiar tem observado de mudança no comportamento e em seguida perguntar se a pessoa também tem notado. E garantir que estará ao lado da pessoa para enfrentar esse momento difícil’’.
O suicídio é o maior perigo num quadro grave de depressão?
‘’Suicídio é uma possível consequência trágica do sofrimento causado pela depressão. Muitas vezes a pessoa sente que não tem esperança de melhora. Sente-se tão culpada por tudo, que é como se não merecesse viver. Esses pensamentos distorcidos podem acontecer na depressão e produzem muito desconforto. Quanto mais precoce o tratamento, menor a chance de que situações dessa gravidade aconteçam’’,diz o médico.
É possível prever quando alguém com depressão apresenta tendências suicidas?
‘’Risco de suicídio é uma situação de urgência. Sempre que o familiar identificar esse risco, deve procurar ajuda médica. Muitas vezes a própria pessoa com depressão expressa as ideias de suicídio. Só que existem também preconceitos com relação a comportamentos suicidas. Coisas como, “quem quer se matar se mata mesmo, não fica falando”, ou “está fazendo isso para manipular”. Sempre que alguém com depressão expressar ideias de suicídio, é importante acionar cuidado médico’’, afirma o dr.Elson.
Ele fala ainda sobre os tipos de tratamento indicados:
‘’Existem diversos tratamentos com evidência científica para depressão. Idealmente, a terapia deveria fazer parte de todo tratamento de depressão. Quadros de gravidade moderada a grave, frequentemente exigem que o tratamento seja complementado com medicamentos específicos, os chamados antidepressivos. Quando há uma situação de urgência, com risco de suicídio, as medidas de tratamento devem ser mais intensas, com maior frequência de atendimento e, possivelmente, medicamentos específicos para esse tipo de crise’’.
E para finalizar, o psiquiatra comenta sobre o que seria preciso para reduzir o tempo de 39 meses para que alguém com depressão busque ajuda:
‘’Exigir dos nossos gestores de saúde maior cobertura de atendimento em saúde mental. Veicular informações adequadas sobre depressão, saúde mental e neurociência. Estimular ações de educação socioemocional nas escolas. Dar o exemplo, buscar ajuda se estiver com dificuldades emocionais. Exemplo é fundamental’’.
Contamos com a colaboração da agência de comunicação Ketchum e dos médicos:
Dr. Elson Asevedo/Psiquiatra
Dra. Cintia de Azevedo Marques Périco/Psiquiatra
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