Cientistas constataram que mais de 80% dos pacientes internados com a doença apresentavam deficiência do hormônio. Entenda o que diz o estudo
Um estudo divulgado pelo Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism ganhou destaque nos sites de notícias e redes sociais na terça-feira, 27/10. Analisando pacientes com a doença e um grupo de controle, cientistas encontraram uma relação entre a deficiência de vitamina D e a Covid-19.
Segundo o artigo científico, 82,2% das pessoas acometidas pela doença causada pelo novo Coronavírus apresentaram baixos níveis do hormônio. Já no chamado grupo controle, os índices ficaram na casa dos 47,2%.
A pesquisa foi conduzida no Hospital Universitário Marquês de Valdecilla, localizado na cidade espanhola de Santander. Foram analisados os níveis de vitamina D entre 216 pacientes internados com a Covid-19 e constatou-se que 82,2% deles apresentavam baixos níveis do hormônio.
“A vitamina D é um hormônio cujas ações clássicas estão relacionadas à saúde osteomuscular, mas ela possui ações em outros sistemas como o imunológico. O estudo avaliou as concentrações de vitamina D em indivíduos saudáveis e pacientes internados, e foi observado que os indivíduos internados possuíam níveis mais baixos. Os pesquisadores viram que 82,2% dos pacientes internados tinham deficiência de vitamina D. Mas não houve diferenças em relação à mortalidade”, sintetiza Sérgio Setsuo Maeda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).
Também foi verificado, levando apenas em consideração o universo das pessoas hospitalizadas, que o tempo de internação foi maior entre aqueles com menores níveis de vitamina D que o ideal (≥20 ng/ml), 12 contra 8 dias, em média.
Os resultados foram comparados com um grupo controle de 197 pessoas. Entre esses indivíduos, cerca de 47,2% apresentavam níveis do hormônio abaixo do ideal.
Os cientistas frisam, no entanto, que a relação entre os níveis da vitamina no organismo e de incidência da Covid-19 são relacionais e não causais.
“O tipo de estudo citado é chamado observacional, em que os dados foram colhidos sem que tenha ocorrido intervenção com vitamina D. Ele possibilita apenas que se identifique associação entre fatores e não serve para demonstrar a relação causa e efeito. Portanto, é preciso muito cuidado ao se tirar conclusões. Para isso, existem os estudos randomizados duplo-cegos controlados com placebo, que administram o medicamento em questão. Neles, tanto os médicos e pacientes não sabem o que estão recebendo. São estudos que têm mais rigor científico, porém são mais caros e necessitam de acompanhamento prolongado. O presente estudo tem muitas limitações, que inclusive são apontadas pelos próprios autores”, diz o médico.
Ou seja, embora a deficiência tenha aparecido em grande parte dos pacientes internados, não é possível afirmar que ela favoreça a infecção ou que suplementar a vitamina forneça alguma proteção específica contra o vírus.
“Em muitos pacientes com doenças crônicas entre elas, a hipertensão e as doenças cardiovasculares, encontram-se baixas concentrações de vitamina D. Porém, em muitas pesquisas não é possível afirmar que a deficiência de vitamina D é causa dos distúrbios. Existem pesquisas que demonstram que o tratamento com vitamina D traz benefícios na prevenção de infecções respiratórias (mas que não incluem dados em relação à Covid-19), diminuem a mortalidade em pacientes com câncer, melhoram parâmetros arteriais e pulmonares, principalmente quando existe a deficiência de vitamina D”, explica Maeda.
Quando a vitamina D está em baixa, principalmente em populações de risco, como idosos e pessoas com outras comorbidades, nas quais a capacidade de sintetizar o hormônio é menor, a suplementação é interessante para a saúde.
Mas ela deve ser orientada por um profissional qualificado, já que em doses muito altas ela pode acarretar problemas. “O excesso da vitamina D também é prejudicial, pois há risco de aumento do cálcio no sangue, perda da função renal e, nos idosos, risco de queda e fratura. A falsa ideia de que quanto mais melhor, não é verdadeira no caso da vitamina D e de muitos nutrientes. O ideal é seguir a orientação do clínico que assiste o paciente”, afirma Maeda.
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