Vida e Saúde

Amputação de pênis: números assustadores!

O câncer de pênis provocou mais de 7 mil amputações no Brasil nos últimos anos

O Brasil convive com números alarmantes: 7.213 mil homens precisam amputar parcialmente ou totalmente o pênis nos últimos 14 anos no país,um aumento de 1.604% neste tipo de cirurgia.A principal causa deste drama é um problema que geralmente tem pouco espaço no debate sobre saúde no país:o câncer de pênis.

Segundo informações do Ministério da Saúde e reveladas pela Sociedade Brasileira de Urologia(SBU),foram realizadas em média 515 cirurgias por dia para remoção do orgão genital masculino em função do câncer de pênis,uma doença que também pode atingir homens mais jovens,mas se concentra na faixa acima de 50 anos de idade.

 

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As  causas e os sintomas do câncer de pênis

A principal causa do câncer de pênis é a má higiene. Homens que não lavam ou não conseguem lavar corretamente o pênis em função do excesso de pele, a conhecida fimose, que faz o orgão sexual ficar retido sob o prepúcio. A outra principal causa é a infecção pelo HPV,que provoca o aparecimento de verrugas.

Como explica o médico urologista e cirurgião José Alexandre Araújo, integrante da  Sociedade Brasileira de Urologia(SBU):

“O que acontece é que entre a glande(cabeça) e o prepúcio (pele que recobre o órgão) fica uma substância chamada esmegma, que, ao se acumular, pode gerar um processo inflamatório local que leva ao câncer. A doença é mais comum depois dos 50 anos, mas quase sempre como resultado de um acúmulo de hábitos de higiene relapsos durante toda a vida’’.

Não há confirmação de predisposição genética para este tipo de câncer,mas em relação aos pacientes fumantes,a ciência já detectou que o tabagismo pode ser um desencadeador.E em relação às doenças venéreas?Com a palavra o  dr.José Alexandre:

‘’ As DST’s não têm relação direta com o câncer de pênis, mas se o paciente costuma ter lesões em cima de lesões é possível ocorrer um processo inflamatório crônico que leva ao câncer de pênis. O HPV sim leva ao câncer de pênis, mas ela não é uma doença exclusivamente sexual. Qualquer verruga no pênis precisa de um procedimento cirúrgico para retirada de toda a lesão’’ .

O médico urologista  informa também quais são os  principais sintomas:

‘’Qualquer alteração que aconteça na coloração ou no aspecto, seja pele ou na glande e que não melhore no máximo em duas semanas,exige a necessidade de se procurar um urologista. DST’s como sífilis e cancro mole, causam mudanças na pele, porém quando bem tratadas é normalizada a aparência. Caso isso não ocorra, é necessário também procurar o urologista’’.

 

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Como evitar o câncer de pênis

A higiene do pênis é fundamental. Como enfatiza o médico urologista José Alexandre:

‘’Higienizar corretamente, não deixar aparecer verrugas, fazer a postectomia,a retirada da pele, caso não consiga fazer a lavagem correta,assim como homens mais velhos e pacientes com problemas de saúde ,acamados e deficientes mentais’’.

E relata ainda a forma adequada de fazer a higiene do pênis: 

‘’A higiene correta é arregaçar a pele toda, colocar a glande toda para fora e lavar com água e sabão. Além de deixar sempre bem seco para que não cresça o fungo da candidíase’’,fala o médico.

  

O  tratamento do câncer de pênis

O principal tratamento recomendado pelos médicos é a retirada da lesão.Mas quando surge a necessidade da amputação?

O urologista José Alexandre esclarece:

‘ Caso seja  pequena retiramos só a lesão. Quanto mais precoce o diagnóstico, menor o tamanho da retirada.Mas se for uma lesão maior e mais profunda fazemos amputação do pênis, que pode ser parcial ou total. Na grande maioria, sendo uma lesão inicial, fazemos a retirada e reconstruímos a pele, ou retiramos só o excesso de pele onde a maioria da lesão fica. Quando possível, podemos retirar só a glande, procedimento chamado de glandectomia e reconstruir o local, com a própria pele do paciente. Mas quando já pegou a uretra precisamos fazer a penectomia parcial ou total’’.  

E prossegue:

‘’Infelizmente as amputações ocorrem porque a grande maioria dos pacientes, por vergonha ou falta de conhecimento, chega com a doença já avançada. Em mais da metade dos casos nós amputamos o pênis e o quadro evolui porque a doença ainda não responde à quimioterapia e radioterapia, e o paciente acaba indo a óbito’’. 

E a vida sexual de um homem amputado por causa deste tipo de câncer?

‘’Quando fazemos a amputação total o paciente não tem mais vida sexual. Não é possível fazer um novo pênis porque não haverá sensibilidade na região. Na penectomia parcial conseguimos fazer uma reconstrução e na parte urinária o paciente vai urinar normalmente. Na penectomia total colocamos a uretra abaixo da bolsa escrotal e o paciente passa a urinar sentado’’,revela o médico.  

Essa situação  pode gerar traumas que levem a doenças mentais?

‘’Acreditamos que sim. Infelizmente já amputamos pênis de homens de 40, 50 anos e isso leva a um distúrbio psiquiátrico. Nós tratamos estes pacientes junto com psicólogo e psiquiatra. Infelizmente a grande maioria dos pacientes que sofrem a  amputação total acabam vindo a óbito porque chegam já em estágio avançado’’,comenta o dr. José Alexandre. 

Um aumento de 1604% no número de casos de uma doença tão grave, em menos de 15 anos no Brasil,não exigiria uma grande campanha nacional de informação?

‘’Infelizmente a última grande campanha foi em 2015, onde a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e o Ministério da Saúde fizeram uma campanha sobre a lavagem de pênis. A SBU reforça constantemente a questão, principalmente em novembro, mês de conscientização da saúde do homem, mas o câncer de pênis ainda é muito ignorado, até mesmo pela classe médica. Existe uma ignorância das informações muito grande. Uma campanha feita pelos veículos de imprensa mostrando a doença, com fotos reais, poderia impactar na população e chamar muita atenção’’,conclui o urologista e cirurgião.

 

Contamos com a colaboração da Bem Na Fita Comunicação e do médico Dr. José Alexandre Araújo/Urologista

 

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