Assado, cozido, refogado, frito, ou no churrasco…não importa! A carne de frango é uma das mais apreciadas aqui no Brasil. Cada brasileiro consome em média 45kg de frango por ano, segundo dados da Abiec, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes. Mas além de ser um produto que agrada ao paladar da população, o frango também costuma ser alvo de uma prática bastante equivocada.
Muita gente tem o hábito de lavar o frango ainda cru com água ou mesmo descongelar o produto mergulhado também na água antes de levar a carne ao fogo. Só que isso não deveria ser feito, pois traz riscos à saúde.
Quer saber mais? Então siga lendo esta reportagem.
Mas afinal, qual o risco em se lavar o frango cru? Quem nos explica é a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
“O frango nunca deve ser lavado, nem na pia, nem em qualquer outro recipiente. Isso porque a prática favorece a proliferação de microrganismos nocivos que são espalhados junto com a água nas superfícies ao redor, aumentando o risco de contaminação cruzada de outros alimentos e, consequentemente, de intoxicação alimentar. Então, é importante não lavar o frango. E não há necessidade de se preocupar com bactérias, pois elas serão eliminadas pelo calor durante o preparo adequado do alimento”.
Entre as bactérias mais comuns que podem causar esta contaminação, se o frango cru for lavado estão:
.Salmonella: provoca diarreia, febre, dor abdominal e vômitos
,Campylobacter: pode causar sintomas semelhantes aos da salmonela, e também cólicas abdominais e febre
.Clostridium perfringens: encontrada em carne mal cozida ou mantida em temperaturas inadequadas por longos períodos e causa diarreia e cólicas abdominais
.Staphylococcus aureus: aparece em alimentos deixados à temperatura ambiente por períodos prolongados e gera náuseas, vômitos e cólicas abdominais
Além dessas bactérias, alguns fungos e até vírus também podem contaminar as carnes.
E nem sempre os sinais da intoxicação alimentar são imediatos.
‘’As reações podem surgir de algumas horas a alguns dias após a ingestão do alimento contaminado, pois o tempo de incubação varia dependendo de fatores como o agente patogênico envolvido, a quantidade de microrganismos ingeridos e o estado de saúde geral do indivíduo”, diz a dra. Marcella.
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Algumas condições podem piorar a intoxicação alimentar.
‘’Certas condições específicas e algumas faixas etárias podem ser mais vulneráveis aos efeitos adversos da contaminação bacteriana por alimentos, incluindo a contaminação por bactérias encontradas na carne de frango’’, fala a nutróloga.
Entre essas, estão:
.Crianças pequenas
.Idosos
.Grávidas
.Pessoas com baixa imunidade
‘’Existem ainda doenças autoimunes e comorbidades que podem potencializar os riscos de uma intoxicação alimentar por bactérias’’, alerta a médica.
Entre estas doenças se destacam:
.Diabetes
.Lúpus
.Artrite reumatoide
.Doença de Crohn
.Cardiopatias
.Doença renal crônica
E como tratar uma intoxicação por bactérias nos alimentos?
‘’O tratamento consiste principalmente na hidratação oral e repouso. É importante também evitar alimentos que podem aumentar o quadro de diarreia, como aqueles ricos em gordura, leites e derivados”, afirma a endocrinologista Deborah Beranger, pós-graduada em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ.
Mas se o problema se torna persistente, durando vários dias e trazendo reações como desidratação, vômitos, febre alta e diarreia acentuada, é fundamental procurar ajuda médica.
“Nesses casos pode ser necessária internação para administração de hidratação venosa, reposição de eletrólitos, principalmente sódio e potássio, e uso de medicamentos para melhorar o enjoo e a cólica intestinal. Normalmente, remédios para diarreia não são indicados, pois esses patógenos têm que ser eliminados do organismo”, fala a dra. Deborah.
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Além de lavar o frango, descongelar o produto de forma errada também pode gerar contaminação por bactérias.
‘’Descongelar o frango dentro d’água também pode aumentar o risco de contaminação cruzada. Quando se descongela o frango em água, há o potencial de que as bactérias presentes na superfície do frango possam se espalhar para a água e, em seguida, contaminar outros alimentos ou superfícies que entrem em contato com essa água’’,
afirma a nutróloga Marcella Garcez.
E mesmo se a pessoa colocar o frango para descongelar na água ainda na embalagem, isso também pode trazer riscos.
‘’ A embalagem pode não ser hermética o suficiente para impedir que a água entre em contato com a carne, permitindo que as bactérias presentes na superfície do frango entrem em contato com a água. Nesse caso é importante certificar-se que a embalagem está completamente selada e submergida na água. Além disso, após o frango descongelar, é importante descartar a água e limpar cuidadosamente qualquer superfície que possa ter entrado em contato com ela’’, aponta a especialista.
‘’O método mais seguro para descongelar o frango é na geladeira. Isso permite que o produto descongele de forma lenta e controlada, mantendo-o em uma temperatura segura durante todo o processo. Basta colocar o frango em um recipiente ou prato, preferencialmente fechado, para evitar que os sucos escorram para outros alimentos na geladeira e deixá-lo lá até que esteja completamente descongelado. Para descongelar o frango rapidamente, pode ser usado o micro-ondas’’, conclui a dra. Marcella.
Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e das médicas:
Dra. Marcella Garcez/Nutróloga
Dra. Deborah Beranger/Endocrinologista
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