Nutrição

ChatGPT não é nutricionista!

Estudo mostra erros da inteligência artificial na criação de dietas

A Inteligência Artificial (IA) já é cada vez mais uma realidade na vida das pessoas, graças aos avanços dos chatbots, que são programas de computador que permitem ‘’ conversas’’ por texto ou áudio entre seres-humanos e dispositivos digitais.

O mais famoso chatbot da atualidade é o ChatGPT, que chega a ter mais de 100 milhões de usuários por mês, vem ganhando cada vez mais adeptos e também gerando vários debates éticos sobre sua utilização.

E uma área onde o uso da IA tem provocado muita controvérsia é a saúde. Vários vídeos na internet estimulam usar o chatbot mais popular do momento, para montar dietas. Mas um estudo científico mostrou que o ChatGPT falha quando é utilizado para prescrever dietas nutricionais, o que ao invés de ajudar, pode acabar prejudicando quem está em busca de uma alimentação mais balanceada.

Quer saber mais sobre este tema? Então confira os detalhes lendo esta matéria!

Os erros do ChatGPT

Um estudo publicado na revista científica Nutrition ((https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0899900723001053)) revelou que, embora muitas dietas elaboradas pelo ChatGPT tenham boas indicações, a IA pode acabar criando dietas prejudiciais a quem tem certas restrições alimentares.

Os principais erros apontados pela pesquisa são:

.Imprecisão nas tabelas de calorias

.Quantidade de refeições

.Tamanho das porções

.Informações sobre alimentos específicos

‘’ Uma das recomendações incluía leite de amêndoas para pacientes com alergia a nozes e castanhas, o que poderia criar um grande problema”, alerta a médica nutróloga Marcella Garcez, que possui mestrado em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUC-PR e é diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Como exemplificou a médica, outra questão que preocupa os profissionais da área de saúde, é a imprecisão das dietas propostas pelo ChatGPT para indivíduos que tem algum tipo de alergia, o que pode ser bastante inseguro.

“Em casos de alergias alimentares, dietas especificamente elaboradas são essenciais, pois a inclusão de um único tipo de alimento proibido pode causar choque anafilático e a prevalência de alergias alimentares têm aumentado nas últimas décadas entre adultos e crianças”, destaca a nutróloga.

  Leia também:

https://marcioatalla.com.br/nutricao/

Segurança e calorias

Neste estudo os pesquisadores deram instruções ao ChatGPT para criar dietas utilizando 14 alimentos com potencial alérgeno, ou seja, que podem provocar reações alérgicas em pessoas com hipersensibilidade a estas substâncias. São eles:

.Ovos

.Leite e laticínios

.Cereais com glúten: trigo, centeio, cevada e aveia

.Peixe e crustáceos como: camarões, caranguejos e lagostas

.Moluscos

.Nozes

.Mostarda

.Tremoços

.Salsão

.Sésamo

.Compostos com  enxofre

Os cientistas criaram então uma dieta prevista para uma mulher na faixa dos 30 anos de idade, levando em conta que mulheres são mais atingidas por alergias alimentares do que os homens.

Foram elaborados no programa alimentar do ChatGPT,4 níveis de restrições alérgicas:

.Dieta para alérgicos com restrições de quantidade

.Dieta para 2 tipos de  alergias alimentares com restrições de quantidade

.Dieta para alergia  com padrão de energia normocalórica (igualdade no consumo e gasto de calorias)

.Dieta para alergia alimentar com pouco valor energético

Segundo a dra. Marcella Garcez o resultado levantado pelos pesquisadores revelou que o ponto mais fraco dessas modalidades de dietas criadas pelo ChatGPT foi a segurança.

“No caso da recomendação do leite de amêndoa em uma dieta sem nozes, isso poderia ter levado a consequências graves, pois a alergia a nozes é uma das formas mais graves de alergia alimentar”.

Em outro ponto pesquisado, os estudiosos verificaram se o ChatGPT poderia dar recomendações adequadas de nutrientes para dietas com limitações calóricas específicas.

“As dietas robóticas continham apenas uma sugestão geral de que um profissional de saúde deveria ser consultado para supervisão, mas não consistiam em advertências sobre restrições calóricas. Adicionalmente, foi incluído um suplemento dietético atípico em uma dieta não estritamente restritiva. Nenhum suplemento pode ser ingerido sem a recomendação de um profissional”, aponta a nutróloga.

 

Veja ainda:

https://marcioatalla.com.br/dicas/sem-alergias/

 

Cálculos incorretos

A pesquisa indicou ainda que a IA não conseguiu criar uma dieta para um menu sem soja e, em vários outros casos, os valores energéticos das refeições foram calculados de forma incorreta.

“O cálculo incorreto das calorias pode impactar diretamente no objetivo do paciente. Caso ele queira emagrecer e consumir mais calorias do que gasta, invariavelmente ele irá aumentar o peso”, esclarece a médica.

E também ocorreram falhas no número de calorias a serem consumidas nas dietas geradas pelo chatbot com restrições energéticas individualizadas.

“Os cardápios também foram ineficientes em sugerir tamanhos de porções, com quantidades impraticáveis ou altamente específicas, sem inclusão de receitas ou informações adicionais sobre temperos ou condimentos e sugestões de alimentos gerais, como peixes ou frutas vermelhas, sem recomendações específicas”, afirma a dra. Marcella Garcez.

Mas entre os pontos positivos das dietas elaboradas pelo ChatGPT, podem-se destacar algumas diretrizes, como:

.Indicar o consumo de vegetais

.Indicar o consumo de frutas

.Indicar o consumo de peixes

.Indicar o consumo de aves

.Reduzir o consumo de carne vermelha

Os menus criados pela Inteligência Artificial também fizeram outra  orientação  correta, como ler atentamente os rótulos dos alimentos antes de consumir.

O fato é que embora o ChatGPT e outras ferramentas de IA, estejam provocando uma verdadeira revolução em vários segmentos da sociedade, com destaque para a educação, publicidade e redação de textos, especificamente na área nutricional é preciso ficar atento à determinadas dicas para não correr riscos e preservar a saúde.

“O melhor a fazer é buscar ajuda de um médico nutrólogo”, conclui a dra. Marcella.

 

Contamos com a colaboração da Holding Comunicações e da médica: Dra Marcella Garcez/ Nutróloga

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